Apesar de o Brasil ser um país continental e dar ênfase ao transporte rodoviário em detrimento de modais mais eficientes, a malha de estradas é uma das piores do mundo. São 1,7 milhão de quilômetros de rodovias espalhadas pelo território nacional, mas em torno de 80,3% não possuem pavimentação.
Do total, apenas 12,1% são pavimentadas e outros 7,6% estão sendo planejadas. Ou seja, o número de estradas de terra chega a quase 90%. Sob jurisdição municipal, apenas 2% das cidades possuem rodovias locais asfaltadas ou com algum tipo de pavimentação.
Na esfera estadual, o percentual sobe para 43,5% e na federal, 54,2% são pavimentadas. Os dados foram divulgados pelo DNIT e Ministério dos Transportes e Sistema Nacional de Viação. Profissionais do setor de transportes apontam que a malha rodoviária brasileira é a causa principal da falta de competitividade do país.
O DNIT diz que apenas 10% das estradas sob sua jurisdição não são pavimentadas, mas não há um marco legal que permita ao órgão federal realizar obras em vias estaduais e municipais. Pelos mais de 1,7 milhão de km de estradas brasileiras circulam 5,035 milhões de caminhões e reboques, sendo que o número de mortes provocadas por acidente com cargas foi de 392 no primeiro semestre, tendo ainda mais de 3.600 feridos.
Países como Austrália, China e Canadá, investem em torno de 3,4% do PIB em logística de transportes, quando o Brasil gasta apenas 0,6% anualmente. A Confederação de Agropecuária e Agricultura (CNA) diz que carretas de soja e milho cruzam de 500 a 1.000 km para chegar aos portos de Santos/SP e Paranaguá/PR, quando o ideal é não ultrapassar 400 km.
Com produção de mais de 60 milhões de toneladas de alimentos, o Brasil deveria dar prioridade ao transporte ferroviário e hidroviário ao invés de apostar no rodoviário, de acordo com a CNA. Só com a lentidão nas estradas, o Brasil perde anualmente US$ 2,2 bilhões com manuseio e transporte.
O governo diz que pretende investir R$ 217 milhões na ampliação das hidrovias, enquanto estradas receberão R$ 11,5 milhões. Ferrovias e marinha mercante terão os menores investimentos federais neste ano: R$ 4,6 milhões e R$ 3,3 milhões.
A ideia do Ministério dos Transportes é reduzir o transporte rodoviário em 30% até 2025 com cargas movimentadas através dos rios. Além disso, o governo diz que o PAC está reformando 7.357 km de rodovias pelo país e outros 49.725 km estão em manutenção permanente.
Enfim, com maior custo de frete ocasionado por estradas ruins, que geram mais manutenção e gastos com combustíveis, os produtos chegam ao mercado consumidor com preços bem mais elevados. E para a exportação, fazem com que o Brasil seja uma opção cada vez menos interessante no mercado global.
[Fonte: O Globo]
