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MANIFESTO

Demora do governo em atender os produtores fez interdição da BR 101 durar 04:20hs


Por: Clic101
Publicado em 07/11/2013 04:45

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Depois da ampla divulgação feita desde a última terça-feira (05), a classe produtora do município de Itabela, com participação de produtores dos municípios de Itamarajú, Guaratinga, Eunápolis, Porto Seguro e diversas outras localidades da região, realizou uma grande manifestação com fechamento da BR 101 na área urbana da cidade de Itabela/BA nesta quinta-feira (7).

Usando tratores, patrol, caçambas, implementos agrícolas, sacas de palha de café, caminhões, carro de som e até automóveis, a pista foi interditada nos dois sentidos às 07:35h, com produtores e trabalhadores portando faixas e cartazes, com a participação de comerciantes, prestadores de serviços, e pessoas que se juntaram ao movimento de protesto e advertência contra a falta de posicionamento e de apoio do governo com relação à grave crise instalada na cafeicultura.

Logo após a interdição da pista, organizadores e produtores, em cima de um mini-trio, se dirigiram ao público presente, resumidamente:

Gilberto Borlini (Produtor)– “Estamos aqui para fazer um movimento pacífico de advertência”;

Roberto Cangussú (Produtor, vice-presidente da Assocafé-Associação Baiana dos Produtores de Café) – “É um descaso do governo. A crise está instalada”;

Leonir Sossai (Produtor, vice-presidente do Sindicato Rural) – “A crise não atinge somente o produtor rural, que pode diversificar a cultura. O trabalhador é o mais prejudicado porque vai ficar desempregado. O comércio vive do café. O movimento não tem hora para parar. Vamos mostrar nossa indignação. Vamos ficar aqui até o governo decidir”;

Ricardo Covre (Produtor, representante da Bahia na Câmara Nacional do Café) – “O café está em crise agora, mas vai piorar ainda mais se providências urgentes não forem tomadas. O desemprego pode ser grande”;

Welington, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e representante da Fetag – “Em 2010, cinco mil trabalhadores tiveram trabalho na colheita de café, em 2011 esse número foi reduzido para quatro mil, e em 2012, a queda foi bem maior. Minha preocupação é com postos de trabalho. Se não houver produção, os postos de emprego desaparecem. Quem sabe o que passa é o pai de família. Se a cafeicultura cair, a migração vai ser grande. Nós queremos emprego de forma digna. O que está em jogo aqui são os postos de emprego. A alegria do trabalhador é o dia em que ele pega no dinheiro, ou até quando dura o seguro desemprego. Se o setor fortalece, o trabalhador fortalece”;

Aldair Almeida (Secretário Municipal de Agricultura) – “O desemprego só está aumentando; os produtores estão de parabéns; vamos protestar; promessas feitas pelo governo mas não cumpridas”;

Ednardo Oliveira (Produtor, presidente do Sindicato Rural) – “Todas as regiões produtoras estão na mesma situação; todos sofrem: o Ita borracheiro, o lojista da Arthumaq, o comércio; o problema não é só do produtor; o desemprego, as demissões são um grande problema e está chegando o final do ano; esse problema pode durar dois a três anos; o café só perde em geração de emprego para o petróleo; o café gera 8 milhões de postos de trabalho; a agricultura no Brasil representa 35% do PIB e na Bahia, 38%; erradicar café poderia resolver o problema do produtor, mas e os outros setores?; nós temos uma secretaria de agricultura sem recursos; o produtor trabalha no mínimo 15 horas por dia; temos que repensar muitas coisas”;

Toinzinho (Assentamento Chico Mendes) – “A crise atinge o grande e o pequeno; nós temos 500 mil pés de café; o que será do povo sem trabalho, sem pão, sem comida?; estaremos juntos em todas as mobilizações”;

Emerson (Itamarajú) – “Nós podemos ser poucos, mas todos são fundamentais”;

Ismael Francisqueto (Produtor) – “Precisa ter coragem e boa vontade para fazer movimento; se for preciso, vamos fazer outra vez”.

A coordenação do movimento deixou claro que a interdição da pista, nos dois sentidos, seria feita até que o governo do estado enviasse comunicado formal marcando dia, hora e local para receber os produtores e discutir as soluções para a grave crise da cafeicultura, que tem reflexos econômicos e sociais altamente negativos.

Durante todo o transcorrer da paralisação, era um corre-corre dos organizadores do movimento, em constante entendimento com os prepostos da Polícia Rodoviária Federal, através do comandante Cláudio Santos, aguardando contato com as autoridades governamentais, sendo feitos diversos entendimentos, mas a demora do governo em responder formalmente aos produtores acabou prolongando o tempo de interdição.

A solução para o impasse só veio exatamente às 11:55h, quando o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais, Ednardo Oliveira, recebeu por e-mail o documento formal do Chefe de Gabinete do Governador, senhor Emilson Piau, confirmando audiência para o dia 20/11/2013 às 09:00h no 3º andar, sala 314, na Governadoria, quando serão tratados os assuntos da pauta a ser encaminhada pela classe produtora.

Depois do presidente do sindicato fazer breves agradecimentos a todos, a pista foi liberada, com a Polícia Rodoviária Federal acompanhando e orientando a enorme fila de veículos de todos os tipos que se formou ao longo de cerca de dez quilômetros no sentido Eunápolis e Itamarajú.

Poucas ocorrências foram verificadas, como o descontrole de um caminhoneiro mais exaltado e o quase atropelamento de pessoas pelo condutor da caminhonete Ford placa CJJ 7137 de Eunápolis/BA que investiu contra um grupo, depois de ter invadido a barreira. O motorista do caminhão de boi, Nilson Carvalho, vindo de Jucuruçú para Santo Antônio de Jesus, o senhor José Travassos que ia de Juazeiro do Norte para Vitória com duas crianças e esposa, Tone Santos de Santo Antônio do Jacinto, todos impedidos de seguir viagem, cada um com os seus problemas, entenderam o movimento e aguardaram tranquilamente até a pista ser liberada para seguirem viagem.




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