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CAFEICULTURA EM DEBATE

Conab não comparece a audiência pública da Câmara dos Deputados para discutir preço mínimo do café

Audiência foi convocada a pedido do deputado federal Evair de Melo à Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados

Por: CliC101 | Idalício Viana
Publicado em 18/05/2019 08:22

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Na última terça-feira (14), a pedido do Deputado Federal Evair de Melo (PP-ES) a Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, em Brasília, realizou uma audiência pública para discutir o preço mínimo do café, quando se fizeram presentes e participantes o presidente da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel), Luiz Carlos Bastianello, o analista em desenvolvimento rural do Incaper, Enio Bergoli, o gerente do Departamento de Desenvolvimento Técnico da Cooperativa Regional dos Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), Mário Ferraz de Araújo, além do presidente da Comissão de Café da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), Breno Mesquita.


Segundo Bastianello, é preciso “uma política que garanta a subsistência do produtor, pois até mesmo a safra do ano que vem está comprometida”. Segundo ele, o preço mínimo atual não cobre os custos com a produção do café, o que gera muitas dificuldades.


Bergoli destacou que a política de preços mínimos surgiu para garantir que, pelo menos, não haja prejuízo financeiro aos cafeicultores. “O custo de produção deveria cobrir minimamente aquelas despesas que efetivamente foram desembolsadas pelo agricultor. No caso do conilon, e também do arábica, os valores estabelecidos não cobrem nem isso”.



Prejuízo


No Painel de Custos de Produção realizado na última quarta-feira (15) por técnicos da Universidade Federal de Lavras (UFLA)e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) no Sindicato dos Produtores Rurais de Itabela, a análise do custo total de produção concluiu com um valor de R$ 432,80, enquanto o valor mínimo apontado pela Conab é de R$ 210,13 para o Conilon tipo 7, com variação de 3,93%.


No mercado de café, que muda a todo instante, os preços, com algumas condicionantes, estão variando entre R$ 260,00 a R$ 263,00 para a safra nova, e R$ 270,00 para a safra velha.


Críticas à Conab


No debate, o deputado Evair de Melo criticou a postura da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que não compareceu para explicar a metodologia dos preços de referência do grão. Para Evair, os preços apresentados pela Conab derrubam o mercado. “São números vergonhosos, aquém da nossa realidade, enquanto combustíveis, energia, transporte e mão de obra subiram seus valores acima de 20%. Os produtores estão operando em prejuízo e queremos que a Conab faça essas correções para que tenhamos preços justos e, assim, possamos fazer uma safra com mais qualidade”.


Na opinião de produtores ouvidos pela reportagem do CliC 101, com a ausência no debate para discutir a metodologia utilizada para definição do preço mínimo, a entidade perde credibilidade.


“O mercado visa lucro, visa retorno financeiro e o café além de dar o retorno financeiro ele dá o retorno social, ele dá emprego, dignidade e cidadania e nós precisamos trabalhar frente a isso,” afirmou o deputado Mário Heringer (PDT-MG) durante a audiência.


Estimativas da Conab


Na última quinta-feira (16) a Conab encaminhou aos órgãos de imprensa as informações abaixo sobre estimativas da safra de café no país:


O Brasil caminha para colher uma safra de 50,92 milhões de sacas de café beneficiado em 2019, somando-se as espécies arábica e conilon. É o que mostra a 2ª estimativa para o produto, realizada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e divulgada nesta quinta-feira (16), em Brasília. O resultado representa uma redução de 17,4% em relação a 2018. O recuo é devido à bienalidade negativa nos cafezais, um fenômeno natural que ocorre com a cultura e faz com que sua produtividade seja maior em um ano e menor no ano seguinte. No entanto, o Brasil segue como principal produtor mundial e maior exportador da cultura.


De acordo com o levantamento, a colheita já foi iniciada e esta produção mantém-se como a maior dentro do período de bienalidade negativa. O café arábica, que representa uma produção de 72% do total e é mais influenciado pela bienalidade, deve alcançar 36,98 milhões de sacas, uma redução de 22,1% em comparação à temporada anterior. Já a produção de conilon está estimada em 13,94 milhões de sacas, uma diminuição de 1,7% em relação a 2018. No caso do conilon, esta projeção deve-se principalmente à expectativa de redução de produção na Bahia e em Minas Gerais, que diminuíram área e apresentam menores estimativas de produtividades médias, e no Espírito Santo, que também diminuiu a produtividade devido ao clima.


A área total cultivada no país com as duas espécies totaliza 2,16 milhões de hectares. Deste total, 14,8% estão em formação e 85% em produção. Na safra atual, a área em produção foi reduzida em 1,1%, enquanto a área em formação aumentou 8,7%. Segundo o estudo, por se tratar de uma safra de bienalidade negativa, os produtores aproveitam para realizar tratos culturais nas lavouras e, consequentemente, diminuir a área em produção.


Outro destaque neste Boletim é o mapeamento que a Conab está realizando com os dados de café nas principais regiões produtoras. O estudo utiliza tecnologias de georreferenciamento, que colabora com as estimativas de áreas.








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