O clima no extremo sul baiano é cada vez mais tenso entre índios e produtores rurais. Desta vez, o alvo dos “supostos índios” é a Fazenda Lembrança II localizada no município de Itabela, que possui uma produção de cacau estimada para 2014 em 40.000 (quarenta mil) arrobas do fruto.
Desde o inicio do mês os produtores da região estão tendo suas fazendas tomadas pelos supostos índios, sob ameaça física, degradação do patrimônio, extorsão financeira e atentado de morte. Na última quarta-feira (11), um grupo de produtores da região se reuniu na sede da Fazenda Lembrança, para unir esforços e tentar encontrar soluções para a situação; No entanto, ao retornarem do encontro, um dos produtores foi vítima de disparos com arma de fogo, que atingiu a lateral esquerda do veículo que dirigia, tendo o vidro do condutor sido bastante alvejado, e por muito pouco não teve sua vida ceifada.
Mesmo com o ocorrido, os produtores não puderam registrar um Boletim de Ocorrência na Polícia Civil de Itamarajú, pois foram informados por profissionais da delegacia que, por se tratar de caso envolvendo índios, a responsabilidade do registro é da Polícia Federal.
A tensão aumenta à medida que cresce o número dos supostos índios no entorno das propriedades. “A cada dia aumenta o número de carros e também o número de pessoas na Fazenda que já está ocupada e fica ao lado da nossa propriedade. Além disso, estamos sendo informados a todo instante que deverão ampliar as invasões e poderão chegar até a nossa propriedade”, contou Dina Lembrance, uma das proprietárias da fazenda, em entrevista ao Mercado do Cacau.
A Fazenda Lembrança II possui a maior tecnologia para produção e beneficiamento de cacau do país, envolvendo máquina de quebra, secadores, caldeira, estrutura de galpão, constantes investimentos em novas áreas de plantio, além de ser uma geradora de 130 empregos diretos com registro no Ministério do Trabalho e Emprego, em conformidade com a Consolidação das Leis Trabalhistas. A propriedade é gerida por sete irmãos, que investiram também em irrigação, afim de aumentar a produtividade do fruto e tornar a cultura viável na região, adotando o modelo de plantio a pleno sol.
Os irmãos temem por suas vidas, uma vez que para ter acesso à propriedade eles precisam passar por uma única estrada, localizada no meio das propriedades invadidas, sob constantes ameaças. “A estrada que dá acesso a nossa propriedade já fora bloqueada pelos supostos índios e liberada posteriormente por eles mesmos. E tememos que eles voltem a bloquear a via e tornem a fazenda inacessível . Nós estamos vivendo um clima bastante tenso, pois além da extorsão financeira, estamos sendo constantemente ameaçados e sem ter a quem recorrer, principalmente porque no momento todos os olhos se voltam somente para a copa do mundo”, finalizou Dina.
Fonte: Mercado do Cacau