Desenvolvida por alunos do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa, a máquina-piloto promete atender ai desafio de cafeicultores de todo o mundo, quando se trata de colher café em áreas com até 50% de inclinação, antes um fator limitador para a colheita, gerando altos custos de mão de oba.
Mauri Martins Teixeira, orientador dos doutorandos Marcos Vinícius Morais de Oliveira e Gustavo Vieira Veloso, que conduziram a pesquisa nessa etapa final, a máquina-piloto representa um grande avanço no setor.
Entre os diferenciais do equipamento, está seu sistema de tração nas quatro rodas, além dos articuladores que nivelam os derriçadores a uma mesma altura do solo. Outro destaque é a possibilidade de acionar a máquina por controle remoto a até um quilômetro de distância. “O objetivo é facilitar o trabalho do agricultor e diminuir os riscos de acidente na lavoura”, afirma Mauri.
Segundo ele, a motorização independente permite que as rodas do equipamento girem em torno do seu próprio eixo. Assim, quando a máquina chega ao final de um corredor no cafezal, não precisa fazer a curva de modo circular. “Girando as rodas 90°, ela se move lateralmente e dispensa espaço de manobra.”
Sobre o nivelamento dos derriçadores, Mauri comenta que a principal diferença da nova tecnologia está no posicionamento dos articuladores. “Os derriçadores convencionais são articulados por um sistema hidráulico atrelado ao chassi da máquina, que fica na parte inferior.” Dessa forma, quando o chassi se move verticalmente para compensar a declividade do terreno, de acordo com a posição de cada uma das rodas, os derriçadores também mudam de lugar. E isso faz com que sejam posicionados a uma altura desigual do solo. Na prática, o desequilíbrio diminui a colheita dos grãos, já que o equipamento não percorre a planta em toda a sua extensão.
No caso do protótipo da UFV, o sistema de articulação foi instalado na parte superior do maquinário, o que garante que os derriçadores estejam a uma mesma altura do solo e não sejam influenciados pela posição do chassi. O resultado é um maior aproveitamento da colheita.
Mauri afirma que o trabalho de desenvolvimento da máquina levou mais de seis anos e contou com a participação de outros alunos do Departamento de Engenharia Agrícola. Para a equipe liderada pelo professor, o próximo passo é industrializar essa tecnologia e disponibilizá-la no mercado. “Há um ano estamos tramitando o pedido de patente da máquina e, agora, a busca é por empresas dispostas a fabricar o produto a um preço competitivo.”
O custo de fabricação do modelo-piloto foi de R$ 250 mil. De acordo com Mauri, parte dos recursos veio do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) e muitos insumos foram cedidos por parceiros, desde pneus até motores.
Fonte: CNA