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CENÁRIO EDUCACIONAL

Educação que transforma, base sustentável para uma sociedade justa, igualitária e soberana

Quero dar ênfase aqui à educação profissional, a qual considero um mecanismo poderoso de inclusão no mundo produtivo: Humberto Miranda é presidente da Faeb e do Senar Bahia

Por: Humberto Miranda, presidente Sistema Faeb/Senar Bahia
Publicado em 03/07/2024 08:36
Atualização:03/07/2024 08:51

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A base mais sustentável para uma sociedade justa, igualitária e soberana é a educação. No entanto, nota-se um desafio muito grande quando analisamos o cenário educacional baiano, que não ajuda a estabelecer esses nobres valores, quer seja no desenvolvimento da justiça social, da liberdade e da preparação para construir um estado cada vez melhor para todos nós vivermos.

Quero dar ênfase aqui à educação profissional, a qual considero um mecanismo poderoso de inclusão no mundo produtivo, pois qualifica os jovens e dá a eles o acesso ao primeiro emprego e abre novas e promissoras portas, por meio do acúmulo de experiência e conhecimento técnico. Apesar disso, apenas 9% dos alunos de ensino médio fazem um curso técnico ou de qualificação no Brasil, enquanto que na União Europeia esse índice é de 43%. Estamos muito aquém de países como Alemanha, que registra 50%; e do líder Finlândia, cujo percentual é de 68% dos alunos matriculados (Education ai a Glace 2021/OCDE).

Humberto Miranda - Presidente da Faeb e do Senar Bahia

É possível notar no interior da Bahia um número expressivo de escolas técnicas, institutos federais e escolas Família Agrícola, entre outras instituições com formações idênticas, mesmo quando em diferentes contextos educacionais.  Em geral, essas unidades têm em comum estruturas magníficas, dotadas de laboratórios bem equipados, espaços experimentais e diversos materiais educativos. Deste ponto de vista, essas instalações se assemelham a muitas instituições de nações desenvolvidas que investiram pesado na educação profissionalizante e agora estão colhendo os frutos positivos dessas práticas.

No entanto, de nada adianta estruturas imponentes sem uma educação de qualidade, assertiva e transformadora. Laboratórios e salas sem conteúdo não mudam realidades nem potencializam vidas.

Sabemos que é direito constitucional de todo cidadão ter acesso à educação pública e de qualidade. Contudo, sabemos igualmente que, na realidade, esbarramos sempre na ausência ou no mau desempenho de políticas públicas ineficientes e incapazes de fazer com que o estado cumpra o seu dever.

Isso não é apenas uma crítica, mas uma constatação de quem, ao apontar o problema, também convoca seus pares a serem mais proativos no processo de construção de uma sociedade participativa e com modelos de políticas públicas justas, eficazes para a população.

O setor produtivo precisa provocar positivamente o governo para uma grande discussão e construção coletiva de um novo modelo formativo, participativo e qualificador para o mercado de trabalho exigente que temos hoje em todos os setores.

Podemos dar início a este movimento a partir do sistema S, que tem representação dos mais diversos setores de produção e que, verdadeiramente, conhece de perto as demandas e necessidades das empresas – que empregam e movimentam a economia. Um sistema que, diga-se de passagem, já tem um modelo educacional de capacitação testado e aprovado, sendo, portanto, o melhor agente promotor da formação complementar destes institutos citados, juntando um ensino formal melhorado a um conteúdo formativo focado no perfil de cada região do estado, das suas cadeias produtivas, do seu potencial econômico, respeitando a cultura e raízes de cada povo.

Só assim teremos um modelo inovador, uma Parceria Público-Privada (PPP do sistema educacional baiano) respeitando as normas do ensino formal e aproveitando as experiências e capacidades dos S que legitimamente representam a produção, as empresas, o capital social e os empreendedores. Quem sabe assim, podemos unir estrutura do Estado e o conteúdo já testado e validado do Sistema S, para que de fato a educação que transforma, capacita e qualifica consiga ampliar as possibilidades dos jovens da nossa sociedade.

É certo de que vivemos o melhor momento para fazermos uma revolução legítima, representativa e transformadora da nossa juventude, resolvendo também um problema transversal a todos os setores: falta de mão de obra qualificada para assumir os postos de trabalho do mundo moderno, tecnológico, competitivo e que exige meritocracia nos processos para ter resultados sustentáveis nas empresas.

Alimentar ideias e fomentar transformações responsáveis nos leva a um mundo melhor. Sonhar é preciso, mas também é direito e dever de cada cidadão contribuir para que este sonho se concretize. E como diria o poeta Geraldo Vandré, quem sabe faz a hora não espera acontecer.








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