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APICULTURA

Expedição mapeia perda de abelhas no Rio Grande do Sul

Liderada pelo Projeto Observatório de Abelhas do Brasil com Foco no Rio Grande do Sul, a iniciativa inédita utiliza em ações de campo o software AgroTag Abelhas, desenvolvido pela Embrapa Meio Ambiente

Por: Embrapa
Publicado em 17/07/2024 09:28
Atualização:17/07/2024 09:44

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Melgueiras carregadas com mais de uma tonelada de mel foram perdidas na enchente, no município de Taquari, no início de maio/2024 / Foto: Luiz Vicente

Uma expedição mapeou a perda de abelhas em apiários e meliponários no Rio Grande do Sul em razão das enchentes de maio de 2024. A ação é liderada pelo Projeto Observatório de Abelhas do Brasil com Foco no Rio Grande do Sul, coordenado pela Embrapa Meio Ambiente em colaboração com a Associação Brasileira de Estudos das Abelhas (A.B.E.L.H.A.). Os trabalhos de campo foram realizados de 24 a 29 de junho, e foram visitadas áreas impactadas pelas enchentes (veja abaixo mapa elaborado com dados da Federação Apícola e de Meliponicultura do Rio Grande do Sul - FARGS).

Até o momento a FARGS registrou a perda de 18.943 colmeias, que representa cerca de 4% do total contabilizado no estado, segundo o IBGE. Mas estima-se que estes números estejam subnotificados, pois ainda há criadores de abelhas que não registram seu plantel de abelhas junto à inspetoria veterinária de seus municípios.

Apicultor do município de Taquari, RS, avalia a perda mais de uma tonelada de mel nas melgueiras submersas na enchente, no município de Taquari, no início de maio/2024. - Foto: Luiz VicenteA iniciativa inédita utilizou o software AgroTag Abelhas, desenvolvido pela Embrapa Meio Ambiente em linha com as demandas do Observatório, para sistematizar as informações sobre mortandade de abelhas no Brasil. Os incidentes e possíveis causas das mortes são registrados, permitindo a estruturação de uma base de dados harmonizados em uma plataforma de dados oficial e em nível nacional.

De acordo com Betina Blochtein, pesquisadora do observatório de abelhas e um dos integrantes da equipe de campo, uma das prioridades do levantamento é a validação do uso de recursos disponibilizados para o Estado contribuindo na conformação de um relatório, identificando as perdas e onde ocorreram. Assim, posteriormente, os recursos para a reposição do plantel de abelhas poderão ser direcionados adequadamente e validados pelas evidências registradas em campo, com fotos dos locais, questionários e delimitação de áreas atingidas. 

Para tanto, a utilização da ferramenta da Embrapa é importante, pois, além de registrar dados de forma oficial, também oferece a formação de uma rede de colaboradores, tanto dos produtores atingidos, quanto dos que prestam assistência nas áreas impactadas.

 

Luiz Vicente (Agrotag/abelhas da Embrapa), Jenifer Dias Ramos e Betina Blochtein (Observatório de Abelhas do Brasil/ Embrapa Meio Ambiente) conversaram com o apicultor Nelson que perdeu todas as suas colmeias em São Leopoldo, RS - Foto: Luiz VicenteAgroTag-Abelhas

A Embrapa Meio Ambiente desenvolveu o software AgroTag-Abelhas, um sistema abrangente e integrado de monitoramento, que reúne um conjunto de dados sistematizados e contribui para o registro de informações oficiais sobre mortandade desses insetos. 

O software foi desenvolvido a partir da estrutura do Sistema AgroTag, em linha com as demandas do Observatório de Abelhas. É um sistema de banco de dados para consultas e análise geoespacial, dotado de app para dispositivos móveis (Android), com envio de dados para ambiente SIG (Sistema de Informações Geográficas) e viabilizando a integração desses dados com informações coletadas em campo e registradas pelo aplicativo.

Ele permite consultas e análises integradas online, contando com interface para desenho em tela de polígonos (shapes) e visualização no menu de camadas para planejamento e posterior coleta de dados em campo com o app, além das funcionalidades nativas do sistema.

Em fase posterior do projeto inspetores de órgãos sanitários oficiais farão os registros de ocorrências rapidamente, com base nas necessidades regionais. Durante o atendimento em campo, o técnico terá acesso a um formulário de preenchimento simples, com as questões essenciais para a investigação, inclusive sobre a coleta de amostras biológicas para análise laboratorial. 

O aplicativo segue a premissa do projeto AgroTag, enquanto rede colaborativa ou do termo/conceito crowdsourcing, trabalhando dados geoespaciais para monitoramento territorial agrícola, onde o usuário usa os dados de maneira compartilhada, colaborativa e rastreável, fundamental para os objetivos do Observatório de Abelhas, o qual busca evidências comprobatórias da mortandade de abelhas, dependendo totalmente dos registros nos locais de ocorrências, sendo que no momento está sendo utilizado para o levantamento de perdas decorrentes das cheias no Rio Grande do Sul, destaca Vicente, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente/Agrotag, e integrante da equipe de campo.

Visita a apicultores em Bento Gonçalves. À esquerda o Sr. David Vicenço, presidente daFederação Apícola do RS, ao centro o casal Possamai, que produz e comercializa mel, e à direita Luiz Vicente do Agrotag/abelhas da Embrapa Meio Ambiente e Betina Blochtein da coordenação do Observatório de Abelhas do Brasil/ Embrapa Meio Ambiente. - Foto: Luiz VicenteObservatório de abelhas

O Observatório de Abelhas do Brasil  é um programa coordenado pelo Ministério da Agricultura (Mapa), em conjunto com a Embrapa Meio Ambiente, e apoiado por instituições públicas e privadas, como a Associação A.B.E.L.H.A., que visa a mitigação de mortandades de abelhas no Brasil. O Observatório identificou a necessidade de implantar um sistema de informações para registrar sistematicamente os incidentes de mortandades de abelhas, identificar as possíveis causas das mortes, e reunir esses dados harmonizados em uma plataforma de dados oficial em nível nacional. 

Com essas características, o sistema facilita a articulação e o trabalho colaborativo com os diversos atores que lidam com o tema (técnicos, órgãos municipais, estaduais e federais, instituições diversas), destaca Cristiano Menezes, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente e coordenador geral do Observatório.     

Menezes explica que o AgroTag entrou em um contexto no qual estavam sendo discutidos os protocolos que seriam adotados pelo Observatório, pensando especificamente nos fiscais de defesa agropecuária, que são os que fazem o atendimento a campo nos casos de mortalidade. A ferramenta ajuda o fiscal a organizar, coletar e disponibilizar as informações no formato adequado, processos que anteriormente eram feitos, na maioria dos casos, manualmente, sem padronização entre os Estados.








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