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BAHIA / SILVICULTURA

Cultivo de eucalipto na Bahia impulsiona combate às mudanças de clima

Investimento em cultivo equilibrado de eucalipto promove captura de carbono, que contrbui para o equilíbrio ambiental

Por: Reprodução: A Tarde
Publicado em 12/10/2024 07:12
Atualização:12/10/2024 10:37

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Mosaicos florestais mantém áreas preservadas envolta de plantio de eucalipto - Foto: Divulgção | Veracel

Em Eunápolis, no extremo Sul da Bahia, é perceptível o vasto cultivo de eucalipto em diversos hectares. Entre os cultivadores, está o engenheiro florestal Danilo Sette, de 64 anos.

Além da produção de celulose, que gera mão de obra e emprego, fazendo girar a roda do agronegócio, o eucalipto combate as mudanças climáticas, porque sequestra carbono na atmosfera, sendo que o carbono é um dos gases que mais causam o efeito estufa.

Esse foi um fator decisivo para que o produtor de eucalipto Danilo escolhesse a Veracel Celulose, localizada no extremo Sul da Bahia e responsável pela maior reserva privada do Nordeste, para parceria, desde 2007. “A empresa tem um projeto, em que produtores parceiros recebem suporte para produção de eucalipto, e depois do ciclo de sete anos, quando a madeira é retirada, os produtores a vendem para a Veracel, para produção de celulose”. A celulose é a matéria-prima para a produção de indústrias de papel, fralda, papel higiênico, entre outros itens básicos.

Produtor Danilo Sette, com o neto e as filhas

O Brasil é líder mundial na produção de eucalipto. Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul são as regiões que mais cultivam a árvore no país. No entanto, esse número tem aumentado também na Bahia. De acordo com a Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (Abaf), a Bahia tem 618 mil hectares de florestas plantadas, sendo 95% (585,6 mil ha) relativos a áreas com eucalipto.

Essa crescente no cultivo da árvore, vinculada ao mercado de celulose, pode também corroborar para a mitigação de problemas relacionados às mudanças bruscas de clima, causada pelas emissões de gases de efeito estufa, levando ao aquecimento global.

São muitas as causas que levam ao aquecimento global como a queima de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás, consumo exacerbado e produção em larga escala, exploração dos recursos naturais, além do desmatamento.

 

Captura de carbono (CO2)


No entanto, quando se alia o cultivo de eucalipto ao combate às mudanças climáticas, não é apenas isso que pode mitigar os impactos do aquecimento global, mas uma das soluções que ajudam nesse sentido, pois as ações humanas também são um dos principais fatores que levam ao desequilíbrio ambiental.

Virgina Londe, bióloga e doutora em botânica | Foto: Divulgação | Veracel

O momento em que as árvores mais sequestram CO2, é durante o seu crescimento, nos ciclos. Então esse ciclo constante de plantio e corte, é comprovado cientificamente que contribui muito para a minimização das mudanças climáticas (Virgínia Londe, bióloga e doutora em botânica)


É o que destaca a bióloga, doutora em botânica e gerente de Meio Ambiente da Veracel, Virginia Londe. De acordo com a pesquisadora, o eucalipto é um aliado no sequestro de CO2 [carbono] e na minimização dos efeitos das mudanças climáticas. “Ele [CO2] fica nas raízes, nas microbianas do solo. O momento em que as árvores mais sequestram CO2, é durante o seu crescimento, nos ciclos. Então esse ciclo constante de plantio e corte, é comprovado cientificamente que contribui muito para a minimização das mudanças climáticas”, explica.

Segundo explica Londe, todas as árvores sequestram carbono, mas o eucalipto é uma espécie que traz vantagens por causa do seu crescimento rápido, o que faz com que sua retirada de CO2 seja mais rápida, além de ser uma árvore que se adapta ao clima tropical, como o da Bahia.

A bióloga explica que o sequestro de carbono acontece através da fotossíntese, porque nesse processo a árvore capta energia, que é a luz solar. “Isso é assimilado na planta, porque dentro dela tem um aparelho biológico, que faz com que ela cresça. O tronco da planta é 50% carbono e 50% biomassa”, ressalta.

A Veracel, parceria do produtor Danilo Sette, tem um projeto amplo de manejo florestal consciente para aliar a geração de mão de obra através da celulose ao passo que não desmata o meio ambiente. Inclusive, a empresa preserva áreas de Mata Atlântica, sem desmatar, para realizar o plantio de eucalipto. Hoje, a Veracel atua em Eunápolis, Canavieiras, Belmonte, Guaratinga, Itabela, Itagimirim, Itapebi, Mascote, Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália.

Joedoson Silva, coordenador de Meio Ambiente e Certificações da Bracell Bahia | Foto: Divulgação | Bracell

Estudos mostram que um hectare plantado com eucalipto capta até 200 toneladas de CO2. Uma única árvore absorve até 180 kg de CO2 (Jpedson Silva, coordenador de Meio Ambiente e Certificações da Bracell Bahia)


O mesmo ocorre com a Bracell Bahia, empresa de produção de celulose solúvel, localizada em Camaçari, na Região Metropolitana da Bahia. De acordo com Joedson Silva, coordenador de Meio Ambiente e Certificações da Bracell Bahia, além de reduzir a emissão de gases de efeito estufa, os produtos produzidos a partir do eucalipto contribuem para redução da utilização de energia de produtos de fontes não renováveis. "Estudos mostram que um hectare plantado com eucalipto capta até 200 toneladas de CO2. Uma única árvore absorve até 180 kg de CO2”.

 

Gleyson Araújo seguiu os passos do pai, Gilberto Lopes, na sivicultura

Gleyson Araújo, de 46 anos, também é parceiro da Veracel, desde 2003, na cidade de Santa Cruz Cabrália, quando seu pai, Gilberto Lopes, decidiu deixar o manejo pecuarista para ser um silvicultor. Assim pai e filho trabalham juntos nas fazendas Boa Sorte e São Francisco.

Para o produtor, a Veracel é “focada em preservação ambiental, redução de custos, eficiência nas atividades de silvicultura, melhorias nos insumos e produtos, geração de produtos reutilizados nas plantações após parte do processo fabril, além do produtor se tornar cada vez mais conhecedor do manejo florestal, o que um dia foi desconhecido”.

Wilson Andrade, presidente da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (Abaf) | Foto: Arquivo

Segundo Wilson Andrade, presidente da Abaf, hoje o órgão também tem um programa de política para preservação da mata nativa, o que colabora para a promoção de ar mais limpo, cultivo e lucro equilibrado, através do eucalipto. “No futuro, queremos ter um hectare de mata preservada nas fazendas que produzem o eucalipto e para cada hectare de produção que cada um tenha. Isso significa outro benefício ambiental superior, duas vezes ao que exige o Código Ambiental Florestal Brasileiro, que 20% de cada propriedade seja de reserva legal”, explica.

 

Cultivar para preservar


Tanto a Veracel, quanto a Bracell, tem um programa específico para a manutenção de mosaicos florestais, o que ajuda a manter um ar mais limpo e combate às mudanças climáticas, causadas pelo efeito estufa. Os mosaicos florestais são áreas de mata preservadas, mas em seu torno, existe o cultivo de eucalipto, fazendo girar a roda do agronegócio, através da geração de mão de obra, ao passo que também preserva áreas de mata, importantes para a vida da fauna.

“Na Costa do Descobrimento, a Veracel tem um relevo de tamboreiros, ou seja, o eucalipto é plantado, e tem várias áreas onde a empresa deixa a vegetação nativa. Além do sequestro de CO2, tem várias outras questões que beneficiam o combate às mudanças climáticas, como a biodiversidade. Isso ajuda na cobertura vegetal necessária para que a fauna circule, promovendo a conservação da biodiversidade”, diz a bióloga.

Com a preservação da mata nativa, é possível permitir a vida da fauna local | Foto: Divulgção | Veracel Pessoal

A fauna muitas vezes também ajuda no cultivo da mata nativa, como é o caso das cotias e antas, que são jardineiras, comem o fruto e os defecam em outro lugar, fazendo o plantio de árvores.

Fauna local é mantida com preservação de áreas de mata nativa | Foto: Divulgção | Veracel

De acordo com Joedson dos Santos, da Bracell, no mosaico florestal, as áreas de plantio contíguas às de vegetação nativa estão separadas umas das outras por aceiros, que são espécies de estradas que facilitam o deslocamento em casos de incêndio e o acesso tanto às áreas de plantio de eucalipto quanto às preservadas.

“Para garantir a qualidade da biodiversidade são realizados monitoramentos periódicos da fauna e flora dentro das áreas da empresa. Hoje, já foram identificadas 647 espécies de flora e 522 espécies de fauna, dentre elas, 52 estão na lista de espécies ameaçadas de extinção”, explica o coordenador.

De acordo com Patricia Machado, gerente de Políticas Florestais da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), a indústria de eucalipto preserva no Brasil 6,9 milhões de hectares de mata nativa, uma extensão maior que o estado do Rio de Janeiro.

 

Recuperação de áreas degradadas


Além disso, segundo Joedson, os mosaicos nas áreas atuantes da Bracell, se formam a partir da manutenção de remanescentes de mata nativa já existentes e a partir da destinação de áreas degradadas essenciais à recuperação ambiental.

Além disso, segundo Joedson, os mosaicos nas áreas atuantes da Bracell, se formam a partir da manutenção de remanescentes de mata nativa já existentes e a partir da destinação de áreas degradadas essenciais à recuperação ambiental.

 

Áreas de preservação


Com uma meta de manter 400 hectares de mata nativa, a Veracel tem cerca de 200 mil hectares de áreas de mata nativa. Neste, 100 mil são plantios de eucalipto e 100 mil destinados à preservação, desde áreas de florestas já estabelecidas, como as primárias, que nunca foram mexidas, e outras áreas com métodos tecnológicos avançados. Nesta, existem as APPs.

Por exemplo, é permitido o plantio de 50% a 70% de eucalipto e 10% fica para a malha hídrica. Assim, o eucalipto é plantado em áreas determinadas e o resto é preservado.

 

Água limpa dos mananciais

 

Com a manutenção do mosaico florestal, a Bracell também realiza a consequente preservação dos mananciais, que de acordo com Joedson, depende do manejo adequado do solo. “As técnicas de ocupação do solo adotadas pela empresa contribuem para a qualidade ambiental, o que resulta diretamente na manutenção dos recursos hídricos. Isso, especialmente, por conta de uma técnica chamada de cultivo mínimo, que não adota queimadas para limpeza do terreno e que permite manter os restos florestais no campo após a colheita. Essas iniciativas contribuem para reter a água da chuva que vai abastecer o lençol freático”, explica.

Nos mosacios florestais, também são mantidos os mananciais | Foto: Divulgção | Veracel

Por meio da manutenção desse mananciais, a população da região consegue ser abastecida através de diversos rios, que tem parte de suas águas captada para uso doméstico e também para a irrigação agrícola e pesca, com melhores níveis de qualidade, resultando em menores custos de tratamento antes do uso.

 

Geração de mão de obra na silvicultura e crédito de carbono


Da Região Metropolitana ao Sul da Bahia, a silvicultura é pulsante e forma de sobrevivência para comunidades locais das regiões. A Veracel tem o programa Aliança, no qual parceiros e outras pessoas que trabalham na empresa podem gerar renda através do eucalipto de diversos modelos.José Henrique do Nascimento, Gerente de Negócios e Administração de Terras da Veracel | Foto: Divulgação | Veracel

"Entre eles, está o de arrendamento da terra, em que a empresa se responsabiliza por toda a operação de plantio e manutenção da floresta, o de fomento, em que fornecem as mudas e o adiamento financeiro para operações de silvicultura, com a venda futura de madeira", explica o Gerente de Negócios e Administração de Terras da Veracel, José Henrique do Nascimento. Ainda existe a modalidade Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), que permite a produção de eucalipto em sinergia com outras culturas.

O sivicultor, em Eunápolis, Danilo Sette, tem 40 mil hectares de cultivo de eucalipto

“Todo o manejo do eucalipto no ciclo de sete anos, é descontado no final do processo, e isso é interessante para o produtor porque a gente tem a responsabilidade de acompanhar o plantio durante todos esses anos”, ressalta o produtor Danilo Sette.

“A Veracel dá suporte tecnológico, tem a equipe técnica. Além de oferecer os clones, já testados na região. Isso é fundamental para o projeto alavancar, funcionar, além das práticas silviculturais de plantio”, complementa.

A produção de eucalipto em clones é um processo que permite selecionar plantas com características desejadas para diferentes fins, como a produção de celulose, energia, postes e serraria.

Danilo Sette tem parceria com a Veracel desde 2007

Danilo, assim como outros produtores fazem parte da Associação dos Produtores de Eucalipto do Extremo Sul da Bahia (Aspex) e dentro do órgão, existe um projeto de conservação da Mata Atlântica. No caso de Danilo, 270 hectares de sua área são de Mata Atlântica, o que equivale a 35%.

Francisco Tercílio, presidente da Aspex | Foto: Arquivo Pessoal

Hoje, a Aspex também tem um projeto para geração de carbono. “Temos uma parceria com a empresa Biomas para negociação de crédito de carbono para áreas de reflorestamento nativo, como APPs e RLs ou outras áreas que o produtor sozinho ou em parceria com a empresa recuperar áreas nativas”, explica Francisco Tercílio, presidente da Aspex.

Guilherme Araújo, diretor-geral da Bracell Bahia | Foto: Divulgação | Bracell

Para dar seguimento a geração de mão de obra na silvicultura, a Bracell tem projetos para jovens, em conjunto com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). “Dentro da comunidade, investimos na formação, inclusive da mão de obra dos moradores. A empresa realiza cursos de capacitação gratuita para formação de mão de obra local para operadores de máquinas florestais”, diz Guilherme Araújo, diretor-geral da Bracell Bahia. Ainda neste ano, terá uma nova turma de capacitação com 12 vagas voltadas para os moradores da região de Alagoinhas e Aramari.

 

Rota da celulose

 

Na Veracel, para os produtores que escolhem vender a madeira após o ciclo de sete anos, serve para produção de diversos materiais para o mercado. “Pode ser utilizada como eucalipto tratado para estacas, mourões para cercas em fazendas, secagem de grãos, carvão vegetal. Também na construção civil, como escoras, decks para piscinas e pergolado”, ressalta o sivicultor Gleyson, de Eunapólis.

 

Pode ser utilizada como eucalipto tratado para estacas, mourões para cercas em fazendas, secagem de grãos, carvão vegetal. Também na construção civil, como escoras, decks para piscinas e pergolado (Gleyson Araújo, sivicultor)

 

De acordo com o presidente da Abaf, o eucalipto possibilita a produção de produtos fósseis, por isso, foi muito usado na pandemia. “No período, houve uma demanda extra no hospital por materiais, além de fralda, manta, máscaras, embalagens de alimento de delivery, o que fez crescer a demanda pela madeira e esses materiais substituem os sacos plásticos e produtos fósseis, que não são favoráveis para o planeta”.

A Bracell se destaca pela produção de eucalipto solúvel, proveniente de madeira com altas taxas alfa e grau de pureza superior a 98,5%. A empresa oferece dois tipos básicos, a celulose rayon-grade, usada por exemplo para a produção da viscose. Além da celulose solúvel especial, usada por exemplo, para a produção de flocos de acetato de celulose.

 

Rumo ao crescimento econômico


De acordo com dados da Abaf, hoje a sivicultura gera renda para 230 mil pessoas, seja direta ou indiretamente ou de efeito de renda. “É necessário pessoas para trabalhar como terceirizados dentro da fábrica, dentro da área de plantio, da transportadora da região. Somos mais de 5% do PIB do estado da Bahia, mais de 5% da arrecadação de impostos do nosso estado. Nós plantamos, por dia, cerca de 250 mil árvores de eucalipto todos os dias, além da mata nativa, que estamos recuperando”, ressalta Wilson Andrade.

 

Vindo de uma viagem da Finlândia, Wilson diz que no país foram plantadas árvores de eucalipto para alavancar a produtividade, com o plantio de 18 metros cúbicos por hectárea a cada ano. A Bahia se destaca pelo plantio de 36 a 40 metros cúbicos por hectárea no ano.


A indústria de árvores cultivadas brasileira tem uma carteira de investimentos de R$ 105 bilhões prevista até 2028, o que inclui novas fábricas e expansão de áreas de cultivo (Patricia Machado, gerente de Políticas Florestais da Ibá)

 

Patricia Machado, gerente de Políticas Florestais da Ibá | Foto: Reprodução | LinkedIn

Em nível nacional, hoje o Brasil é o “maior exportador de celulose do mundo e segundo maior produtor. A indústria de árvores cultivadas brasileira tem uma carteira de investimentos de R$ 105 bilhões prevista até 2028, o que inclui novas fábricas e expansão de áreas de cultivo. Esses investimentos levam desenvolvimento para as regiões em que o setor está presente, no geral, áreas de baixo dinamismo econômico. No último ano, foram criados 33,4 mil empregos – ao todo, já são 690 mil empregos diretos e 2 milhões indiretos, distribuídos em mais de mil municípios”, pontua Patricia Machado, gerente de Políticas Florestais da Ibá.

 

Certificações de Sustentabilidade

 

Tanto a Bracell como a Veracel conquistaram certificações, algumas internacionais que reconhecem o compromisso com a sustentabilidade e cultivo equilibrado de eucalipto. A Veracel detém o selo CERFLOR, juntamente com outras certificações como o FSC® (Forest Stewardship Council).

Já a Bracell, também é repleta de certificações, como ISEGA (produto para uso no setor alimentício), ISO 9001 (Gestão da Qualidade), ISO 14001 (Gestão Ambiental), PEFC – Cadeia de Custódia (Rastreabilidade da Madeira Consumida na Fábrica), Cerflor/PEFC – Manejo Florestal (Manejo Florestal Sustentável), Certificado de Habilitação Halal e Certificado Kosher.








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