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SANIDADE ANIMAL

Febre aftosa: livres, porém atentos

A confirmação do primeiro caso de febre aftosa na Alemanha depois de quase 40 anos da erradicação da doença no país deixa o mundo em alerta, especialmente o Brasil, que acaba de ser considerado zona livre de febre aftosa sem vacinação

Por: Sistema Faeb/Senr / Humberto Miranda
Publicado em 03/02/2025 10:35
Atualização:03/02/2025 10:39

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Humberto Miranda é presidente do Sistema Faeb/Senar

A confirmação do primeiro caso de febre aftosa na Alemanha depois de quase 40 anos da erradicação da doença no país deixa o mundo em alerta, especialmente o Brasil, que acaba de ser considerado zona livre de febre aftosa sem vacinação.

A ocorrência registrada além-mar reafirma a importância de continuarmos investindo em uma fiscalização intensa em nosso território e fronteiras para garantir a saúde animal, a segurança alimentar e o comércio internacional, sendo o Brasil o maior exportador de carne do mundo. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), apenas no ano passado, o Brasil embarcou mais de 2,8 milhões de toneladas de carne bovina, o que gerou um faturamento de mais de US$ 13 bilhões aos cofres nacionais.

A febre aftosa é uma doença viral altamente contagiosa que afeta animais de casco fendido, como bovinos, bubalinos, suínos, ovinos e caprinos. Embora não represente risco à saúde humana, os impactos econômicos podem ser devastadores, ocasionando prejuízos como a perda de rebanhos e de mercados, mas, principalmente, de credibilidade acerca dos produtos de origem animal e, por vezes, até vegetal, a exemplo das sementes cujos compradores muitas vezes exigem origem de áreas não afetadas por algumas doenças.

A descoberta de um foco no país europeu com legislações severas e robustos padrões sanitários chama a nossa atenção para a importância de investirmos em sistemas contínuos e ininterruptos de defesa agropecuária, vigilância epidemiológica, controle de fronteiras e, sobretudo, na capacitação de profissionais para atuar com a agilidade que o caso requer, visto que os surtos da doença têm rápida disseminação e exigem intervenções e respostas imediatas.

Devemos, sim, celebrar a descontinuidade da vacina contra a febre aftosa após mais de 50 anos de trabalho árduo para obter o status de zona livre. Contudo, não é hora de baixarmos a guarda. Pelo contrário, o momento é de acendermos todos os alertas e mantermos vigilantes para não precisarmos retroceder as etapas anteriormente cumpridas para a erradicação, o que aumentaria o custo de produção com a retomada da vacinação.

O cenário revela o quão indispensável é a recomposição do quadro deficitário de agentes agropecuários para intensificar a fiscalização com especial atenção para o fortalecimento da infraestrutura de vigilância nos portos, aeroportos e postos de fronteira para evitar a entrada de animais e seus produtos que tenham risco de trazer o vírus, e o mais importante: conscientizar o produtor rural sobre a sua responsabilidade como dono do rebanho, o envolvendo em todo o processo de prevenção e controle da doença, o que envolve fazer a notificação em tempo real aos órgãos de vigilância sanitária para que as providências cabíveis sejam adotadas com a máxima brevidade.

A lição que fica é que o caso na Alemanha é um chamado para que governos, as entidades e os próprios produtores rurais mantenham a atenção redobrada e assegurem os recursos necessários para proteger a produção agropecuária baiana e brasileira, que, neste primeiro momento, deve lucrar com os embargos à carne alemã, aumentando a sua demanda de exportação para países da União europeia. Adotando todas essas medidas cautelares, o produtor brasileiro pode fazer do limão uma limonada, transformando a crise em oportunidade de abertura de novos mercados.








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