Na expectativa de que o governo federal anuncie formalmente a inclusão do cacau na Política de Garantia de Preço Mínimo (PGPM), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a cadeia produtiva do cacau comemorou neste domingo (16) o Dia Internacional do Cacau, com nova esperança. A Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) apresentou oficialmente o biofungicida Tricovab, uma das principais armas no combate à vassoura-de-bruxa. A doença causada por um fungo é uma das principais responsáveis pela queda de produção de cacau na Bahia.
O lançamento oficial do produto aconteceu durante cerimônia realizada no auditório do Centro de Pesquisa do Cacau (Cepec/Ceplac), na estrada Ilhéus/Itabuna, com a presença do secretário estadual da Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, representando o governador Jaques Wagner; do diretor geral da Ceplac, Helinton Rocha; prefeito de Ilhéus, Jabes Ribeiro; Vivaldo Mendonça, diretor executivo da CAR/Sedir; Guilherme Moura, vice-presidente da Faeb; Henrique Almeida, presidente do Instituto Biofábrica de Cacau (IBC) e diretor da Associação de Produtores de Cacau (APC), representantes da agricultura familiar, deputados estaduais e federais, além de centenas de produtores.
Para o secretário Eduardo Salles o lançamento do biofungicida é uma notícia muito boa, que traz novo alento à cacauicultura, e chega num momento oportuno, “quando, depois de inúmeras reuniões em Brasília conseguimos com o governo federal o compromisso de incluir o cacau na PGPM, e estamos aguardando agora o anúncio do valor”. Ele afirmou que “estamos avançando também na questão da sustentabilidade do cacau cabruca, e até o final do mês de agosto o governo do Estado, através da Secretaria de Meio Ambiente, deverá publicar decreto disciplinando a questão da retirada de árvores exóticas e madeira caída nas áreas de cabruca, permitindo o manejo sustentável”.
De acordo com Salles, “o cacau cabruca foi e é o grande responsável pela conservação do que resta da Mata Atlântica na Bahia, mas precisamos de ações para alcançar a sustentabilidade econômica das fazendas que utilizam esse sistema, sob pena de, nos próximos anos, vermos as áreas de pastagens avançarem sobre a cabruca”.
A inclusão do cacau na PGPM vai atender a um dos pleitos dos produtores apresentados ao Mapa há quase dois meses, quando o secretário Eduardo Salles e representantes da Associação de Produtores de Cacau (APC), Instituto Pensar Cacau (IPC), Federação da Agricultura do Estado da Bahia (Faeb), de sindicatos e do território de identidade estiveram em Brasília, no MAPA, discutindo alternativas para o cacau. Entre as reivindicações apresentadas estavam, além da PGPM, a solicitação para que a Conab realizasse a estimativa de safra do cacau, em conjunto com a Ceplac, (que já está sendo feita), maior fiscalização sanitária nas importações, a taxação de amêndoas e produtos derivados do cacau importados, e a redução do prazo do drawback.
De acordo com o diretor geral da Ceplac, Helinton Rocha, “o Tricovab é uma inovação no controle da vassoura-de-bruxa, produto recomendando pela agricultura orgânica”. Ele disse que “a partir de sua aprovação pelos órgãos de controle, passo de grande importância que acaba de ser concretizado, comemoramos um grande avanço, e agora a próxima etapa será a produção do biofungicida em larga escala, terceirizando a produção através de licitação publica”, afirmou.
O prefeito de Ilhéus, Jabes Ribeiro, avaliou que “com todos os investimentos que estão vindo para a região, com sistema intermodal, (porto, ferrovia, aeroporto), não podemos esquecer a nossa vocação que é a agricultura”. Jabes destacou que o lançamento do biofungicida é uma grande e importante passo para a recuperação da cacauicultura, que vem recebendo total atenção do governo do Estado, através da Secretaria da Agricultura.
Tricovab é inimigo natural do causador da vassoura-de-bruxa
O Tricovab é um agente natural, desenvolvido em laboratório a partir da fermentação do fungo Trichoderma stromaticum, antagônico ao Moniliophtora perniciosa, que provoca a vassoura. “O fungo é colonizado em grãos de arroz. Quando em contato com a água que será utilizada para a aplicação, o fungo é ‘ativado’ e, nas plantas, se transforma no inimigo natural do Moniliophtora perniciosa, que causa a vassoura-de-bruxa”, explicou o chefe do Centro de Pesquisas do Cacau (Cepec), Adonias de Castro.
Inicialmente, serão distribuídos 10,2 mil quilos do biofungicida para os produtores indicados pelos técnicos da Ceplac, desde que adotem o pacote tecnológico recomendado pela Comissão Executiva. De acordo com Adonias, serão contempladas 640 propriedades (dois hectares por fazenda) em 30 municípios.
“A Ceplac dá à sociedade uma resposta efetiva na questão da sanidade vegetal. Porém, muito mais que isso, com um produto ambientalmente correto, proporciona ganho efetivo na relação meio ambiente/lavoura e, ainda, abre a possibilidade de aumento da renda do produtor, com a possível maior produtividade. Isso tudo vai gerar mais emprego no campo. Com esses fatores assegurados, estaremos garantindo a sustentabilidade do agronegócio cacau, em outra frente, para além das fronteiras do cacau cabruca”, avaliou o superintendente da Ceplac na Bahia, Juvenal Maynart.