A Embrapa promoveu recentemente palestra com o tema “Uso de microssensores em abelhas”, com a cientista Benita Vicent, do CSIRO, agência federal de pesquisa da Austrália. A pesquisadora é PhD em saúde animal e gerente do programa de pesquisa “Swarm Sensing”, que utiliza a tecnologia de microssensores para monitorar o movimento das abelhas, investigando os efeitos do estresse sobre sua atividade externa e saúde desses animais.
A tecnologia está sendo utilizada em abelhas nativas da Amazônia, no âmbito da parceria entre a Embrapa, o Instituto Tecnológico Vale, CSIRO e Universidade Federal do Pará. O objetivo é avaliar o impacto das mudanças climáticas na atividade desses animais.
No meliponário cientifico da Embrapa, mais de duas mil abelhas sem ferrão de três espécies já foram “chipadas”: uruçu-cinzenta (melípona fasciculata), uruçu-amarela (melípona flavolineata) e uruçu-da-bunda-preta (melípona melanoventer). O pesquisador Giorgio Venturieri diz que o trabalho é inédito para abelhas nativas da região. Os animais são monitorados por 24 horas, e o chip funciona como um crachá, marcando os horários e a atividade da entrada e saída delas nas colmeias. As informações obtidas nos sensores são relacionadas aos dados da estação meteorológica do meliponário. “Os dados são analisados no computador, que gera relatórios precisos e consistentes”, explica Venturieri.
O chip funciona por meio da tecnologia RFID, identificação por rádio frequência, e nas colmeias é instalada uma antena ligada a um pequeno computador. A inovação tecnológica agregada ao trabalho, de acordo com Gustavo Pessin, é o tamanho do dispositivo, tão pequeno a ponto de ser carregado por uma abelha nativa (em alguns casos menor que as abelhas europeias produtoras de mel) e não comprometer a autonomia do voo. O pesquisador conta que as abelhas têm suportado bem o sensor, que pesa na faixa de cinco miligramas. “Nossa intenção é diminuir ainda mais o dispositivo para que insetos ainda menores, como as abelhas jataí, possam suportar o sistema”, finaliza Pessin.