A pulverização de fertilizantes e agrotóxicos por meio de pequenos aviões tem atraído agricultores e novas empresas prestadoras desse tipo de serviço. A demanda tem aumentado tanto as compras nacionais e internacionais de aeronaves como tem exigido regras para a atuação do setor, que deverá já a partir deste ano receber certificações na área legal, técnica e ambiental. A autorregulamentação é uma demanda antiga do setor e será implementada por instituições e universidades.
Segundo José Annes Marinho, gerente de educação da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), uma das entidades envolvidas no projeto, o setor espera que, até 2017, ao menos 75% das empresas que atuam no setor tenham os três níveis de certificação elaborados pelo projeto.
"Recentemente, algumas entidades da área ambiental tentaram discutir a restrição da aviação agrícola. Então os agricultores e as empresas tentaram colocar em prática essa certificação para dar uma resposta à sociedade de que estamos nos capacitando", explicou o coordenador-geral do programa, Ulisses Antuniassi professor da Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp.
A perspectiva é que sejam investidos R$ 1,5 milhão nos próximos quatro anos, tanto por parte das indústrias de defensivos e do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) como pelas próprias empresas.
A Sul Bahia Aeroagrícola, do jovem empresário Jocivan Dadalto, sediada em Itabela/BA, é uma das empresas já devidamente certificadas, o que lhe confere melhor avaliação perante os usuários e grande aceitação no mercado.
"A certificação capacita as empresas para atuarem de maneira sustentável, o que torna a aplicação aérea mais adequada do que a terrestre", ressalta Antuniassi.
Segundo dados da Sul Bahia Agrícola, “uma aplicação aérea pode gastar até 30% menos defensivos ou fertilizantes do que uma aplicação em terra. Um avião aplica de 20 a 30 litros por hectare. Um Pulverizador terrestre joga até 200 litros de produto nessa área".
Além do gasto direto, muitas empresas também terão que fazer investimentos em novos equipamentos. Um dos implementos que serão exigidos para a certificação ambiental é um sistema de GPS que impede a liberação de pesticida caso o avião saia do plano de vôo. O custo do equipamento ultrapassa R$ 100 mil. Para o produtor que terceiriza o serviço, o custo não deverá ser repassado.
Em Itabela e região, o custo de uma aplicação varia de R$45 a R$50 por hectare, mas o valor pode aumentar de acordo com o produto, a distância da fazenda e a necessidade da cultura.
Crescimento do setor
Atuam oficialmente no segmento de pulverização aérea 149 empresas, segundo dados da Associação Nacional de Aviação Civil (Anac). Somando com os produtores que possuem aviões próprios para realizar as aplicações, a frota aeroagrícola do Brasil alcançou em junho 1.848 aviões, utilizados principalmente nas Regiões Centro-Oeste e no Sul.
Essa frota tem crescido constantemente. Nos últimos quatro anos, a quantidade de aeronaves destinadas à agricultura cresceu 77%. A perspectiva, segundo fontes do setor, é de manter o crescimento da demanda nos próximos anos.
Esses aviões pulverizam uma área estimada de 25 milhões de hectares, correspondente a 40% da área agrícola brasileira. Marinho, da Andef, ressalta que, com a possibilidade de que a agricultura avance nos próximos dez anos sobre 35 milhões de hectares ocupados hoje com pastagens, a área a receber pulverizações aéreas deve aumentar na mesma proporção e incorporar mais 14 milhões de hectares nesse prazo.