Depois do emaranhado político em que se meteu a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, ameaçada de expulsão pelo PMDB a pedido de lideranças baianas do partido, por permanecer no cargo, contrapondo às decisões dos caciques peemedebistas, a senadora licenciada e ex-presidente da CNA, onde o seu desgaste junto à classe produtora é grande e crescente, parece ter ignorado totalmente os apelos feitos por deputados, senadores, produtores,sociedade civil, entidades de classe, governador da Bahia e, diz-se, até pelo ministro Jaques Wagner.
Numa canetada, sem dar ouvidos a ninguém, a ministra assinou o decreto que transforma a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) em um simples departamento vinculado ao seu ministério. Ao invés de reestruturação, como diz a nota da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb), o ato pode ser a sentença de morte da Ceplac, tirando do órgão a última dose de oxigênio que ainda lhe restava.
Certamente não conhecendo a cultura do cacau, o seu significado para a Bahia, especialmente para as regiões sul e extremo sul, onde o cultivo do cacau tem alcançado números expressivos de produção e produtividade, com altos investimentos em modernas tecnologias e avanços em toda a região, a ministra Kátia Abreu, como bem disse o colunista Samuel Celestino, também “talvez sequer saiba das histórias contadas por Jorge Amado e Adonias Filho, ambos filhos da região, além de muitos outros escritores”.
A presidente Dilma Rousseff vai estar na capital baiana nesta quarta-feira (6), acompanhada do seu fiel escudeiro e ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner. Questionamentos não devem faltar e boas explicações terão que ser dadas, porque “decididamente, a história não pode acabar com uma mera canetada de Kátia Abreu”.