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CAFEICULTURA

Reajuste do salário mínimo provoca alta nos custos de produção de café; veja situação em Itabela

O maior impacto ocorreu nas propriedades com colheita manual, que demanda mais mão de obra, com elevação de 6,34%

Por: CliC101 | Idalício Viana / CNA
Publicado em 22/04/2016 09:02

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O reajuste do salário mínimo em 2016 impactou diretamente os custos de produção da cafeicultura brasileira, principalmente nas propriedades onde a colheita do café é manual. Apenas este item provocou altas no Custo Operacional Efetivo (COE), que engloba as despesas do dia a dia da atividade e o pró-labore, de 4,05%, em média, para a variedade arábica e 5,70% para o conilon, com o novo valor vigente desde janeiro, de R$ 880.
As informações são do boletim Ativos do Café, elaborado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Universidade Federal de Lavras (UFLA), com base em levantamentos de custo de produção nas principais regiões produtoras do país. Os maiores impactos foram observados nas propriedades que adotam o sistema manual de colheita.

Foto: Reprodução CNA

Segundo o estudo, o aumento do salário mínimo é apenas um dos fatores da alta do COE, que pode subir ainda mais com o atual momento político e econômico. “Devido a este cenário, e suas consequências sobre variáveis que interferem diretamente nos custos de produção, como a taxa de câmbio e os combustíveis, a possibilidade de novos acréscimos nos próximos meses não deve ser desconsiderada”, explica o levantamento.
Desta forma, CNA e UFLA orientam os produtores a gerenciar os custos de sua propriedade com maior critério, além de intensificar o controle do fluxo de caixa e rever a orçamentação do processo de produção de arábica. Para produção mecanizada, o impacto do salário mínimo foi de 2,29%, e para a semimecanizada, de 6,22%. Nas propriedades que adotam estes dois tipos de manejo, a demanda por mão de obra é inferior em relação ao sistema manual.

Na produção de conilon, a alta do COE causada apenas pelo reajuste nos salários dos funcionários foi de 5,7%, em média. O maior aumento constatado foi em Jaguaré (ES), de 5,95%, acréscimo de R$ 14,20/saca. Em Cacoal (RO), a elevação foi de 5,31%, e em Itabela (BA), de 4,68%, o que representou incrementos de R$ 10,29 e R$ 12,03 por saca, respectivamente.

Situação geral em Itabela
Considerando que na Cooabriel, referência mundial em café conilon, a cotação em 31/03/2016 do tipo 7/8 com 13% de umidade e 10% de broca, era de R$ 353,13, se conclui que os produtores de café estariam conseguindo um resultado positivo de R$ 1,09 por saca, o que denota que com a brutal elevação dos custos de produção e os preços finais de comercialização, o negócio café se configura como inviável, e as dificuldades dos produtores vão inevitavelmente levá-los a uma quebradeira geral, ainda mais entre aqueles com endividamento junto a instituições financeiras, aqueles que negociaram café futuro, e que ainda sofrem na pele e no bolso com a quebra da safra provocada pelo ataque de pragas, doenças e as dificuldades climáticas.

As perspectivas para a colheita da safra 2016 em algumas propriedades  não parecem das mais animadoras, se considerando todos esses aspectos, e é mais um arrocho na já combalida saúde financeira da classe produtora, mais falta de trabalho para as famílias que anualmente contam com recursos extras da colheita para o seu sustento e manutenção, e mais dificuldades no setor que diante da crise econômica e política que o país atravessa, ainda é o único a manter números positivos na balança comercial e gerando postos de trabalho.

É o retrato fiel do desgoverno a serviço do setor produtivo de Itabela, da região, do Estado e do País.

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