Hoje, 25 de junho de 2020, estamos há 20 anos sem Frei Ricardo.
Como uma homenagem partida do fundo dos corações de todos os itabelenses, publicamos um texto de autoria de Lino Sperandio, lido na Paróquia São João Batista em 8 de setembro de 2000, quando Frei Ricardo completaria 73 anos de idade.
Se a Irmã Dulce dos Pobres, hoje Santa Dulce, foi o Anjo Bom da Bahia, Frei Ricardo sem dúvida foi o Anjo Bom de Itabela.
“O que leva um homem a deixar sua família, sua terra natal, seus amigos, o conforto que um país do primeiro mundo oferece, a atravessar um oceano?
A resposta certamente seria a de viver uma aventura, se estivesse falando de uma pessoa comum, mas com Frei Ricardo Cetto foi diferente.
Movido por um enorme desejo de doar a sua vida aos mais necessitados e mais uma vez atendendo ao chamado de Deus, desembarcou no Brasil no ano de 1984, e logo começou seu trabalho social e religioso, como se isso fosse uma necessidade de vida, abdicando do direito de gozar sua merecida aposentadoria como professor e ficar na sua tranquila Trento cuidando da sua capela, que construiu nas montanhas, para orar e celebrar suas missas.
Durante 16 anos viveu em nossa cidade, Itabela, onde construiu grandes obras sociais com a ajuda da comunidade e principalmente de parentes e amigos da Itália, sua terra natal.
Mas de suas obras, a maior de todas foi a que realizou em nossos corações, despertando neles o sentimento de amor a Deus e ao próximo.
Querido amigo Frei Ricardo, queremos te dizer o quanto você é importante para nós; Não sei se você pode nos ouvir, mas com certeza nós podemos te sentir e te ver muito perto, bem junto a nós, em todos os lugares em que mais gostava de ficar, na sua casa, sua igreja, rezando suas missas, nas ruas, no clube e até mesmo no seu passeio matinal de bicicleta pela cidade.
Sabemos muito bem o que você passou para poder viver conosco, o clima quente, os mosquitos, dificuldade de idioma, assaltos, e por mais justo e generoso que tenha sido, até calúnias recebeu.
Quando alguém lhe pedia alguma coisa, a sua resposta era sempre a mesma: "SI, SI, eu dou", ou "eu faço".
Não sei porque quando você aprendeu a falar português não lhe ensinaram a palavra não. Coisas de Deus, não é mesmo?
Eu sei que você sempre soube, mas nós nunca lhe dissemos o quanto verdadeiramente te amávamos e aprendemos com o seu exemplo de vida e fé.
A Bíblia diz que Deus fez o homem à sua imagem e semelhança, e agora, depois de termos te conhecido e convivido com você, podemos entender melhor como Deus é o que Ele quer de nós.
A sua vontade era completar os seus setenta e três anos de vida conosco. Fisicamente não deu, mas pode ter a certeza meu amigo, você está vivo em nossos corações, tanto que podemos perceber o seu caminhar cansado, porém muito suave, e ainda sentimos o aperto do seu abraço em nosso corpo.
Frei, sua missão terminou, e agora começou a nossa, a de terminar as obras que você não teve tempo de concluir, não deixar que todas as outras morram, e para isso precisamos ficar muito unidos.
Foi muito bom falar com você, foi muito bom conhecer você, foi muito bom trabalhar com você, foi muito bom ser seu amigo.
Obrigado por tudo que nos ensinou.
Dos amigos que não te esquecem.
Itabela, 08 de setembro de 2000.”
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