O professor e historiador Cid Teixeira, um dos mais ilustres e respeitados na Bahia e fora dela, classificou como um desserviço à história esse de ficar trocando o nome de logradouros públicos.
NA CAPITAL, SALVADOR
A Rua Chile, no coração de Salvador, considerada a rua mais antiga do Brasil, chamava-se originalmente Rua Direita dos Mercadores, depois Rua Direita do Palácio. Passou a ser Rua Chile em 1902, em homenagem à chegada do navio Chacabuco, da Marinha Chilena, que aportou em Salvador, liderando uma esquadra transportando os corpos de quatro chilenos.
Se permanecesse no original, dizia o historiador, ficava fácil entender que no início da colonização em Salvador era ali que se vendia tudo. Depois, acabou o comércio de rua, virou Rua Direita do Palácio, porque nela ficava o palácio, sede do governo, hoje Palácio Rio Branco (a construção atual é de 1919).
O caso emerge pela polêmica criada na Câmara de Salvador, com o vereador Henrique Carballal (PV) propondo mudar o nome da Estrada de São Gonçalo para o de Av. Mãe Aninha.
Ironia: o vereador Teo Senna (PSDB), que deu parecer contra, também quis mudar a Alameda das Catabas, no Caminho das Árvores, para Alameda Beverly Hills.
A história perde, é claro, mas nem sempre. Assim o é que o Estádio Octávio Mangabeira será sempre Fonte Nova e a Rua J.J. Seabra, Baixa dos Sapateiros.
NO EXTERIOR
— Wall Street, maior centro financeiro do mundo, em Nova Iorque, é Rua do Muro a vida inteira e ponto.
EM ITABELA
Na cidade de Itabela, importante praça no centro da cidade, hoje oficialmente chamada de Praça Maria Gomes da Costa, de acordo com a Lei Municipal 0445 de 03/01/2013, já foi chamada de Praça Frei Ricardo, Praça Antônio Carlos Magalhães, mas a população só conhece mesmo como Praça do Fórum ou Praça da Delegacia.
Outro exemplo de sabedoria popular e respeito à tradição e à história, é o hoje chamado Bairro Village, com placas de identificação e tudo mais, nome pomposo que a população jamais pronuncia nem reconhece, porque o que permanece mesmo na boca do povo é o tradicional Bairro Jaqueira, muito mais dentro da história do local desde o surgimento e desenvolvimento do povoado, e que segue desde a emancipação de Itabela.
