Enquanto agentes federais americanos vasculhavam a sede da TelexFree em Marlborough (MA) essa semana, o gerente financeiro da empresa tentou fugir com um laptop e uma bolsa contendo dinheiro e cheques totalizando quase 38 milhões de dólares, segundo documentos apresentados na Corte americana. A Comissão de Câmbio e Segurança (SEC) divulgou que havia congelado os bens da TelexFree e de 8 diretores principais e associados, sob a alegação que a empresa administrava um “esquema ilegal de pirâmide” que recrutava vítimas por todo o mundo.
Os reguladores informaram que a companhia e seus administradores levantaram 300 milhões de dólares focalizando em clientes brasileiros e dominicanos em Massachusetts e outros 20 estados.
“Os suspeitos continuavam a recrutar novos investidores todos os dias, mas é claro que a pirâmide desmoronou”, alegou o SEC em sua ação judicial.
O SEC descobriu que a TelexFree acumulava somente US$ 1.3 milhão anualmente pelos serviços telefônicos via internet, uma fração dos US$ 1.1 bilhão que, supostamente, prometia aos investidores, que eram informados que receberiam lucros generosos se eles publicassem anúncios online sobre o serviço.
“A TelexFree tem sido uma máquina de fazer dinheiro para os suspeitos”, informou o SEC em sua ação judicial. Desde meados de novembro, o histórico financeiro da empresa revelou que eles transferiram US$ 30 milhões para seus administradores ou companhias afiliadas, segundo o órgão federal. Milhões de dólares em dinheiro dos clientes estão atualmente sem destino, conforme o SEC.
A ação judicial movida pelo SEC alega que o grupo detrás da TelexFree inclui o ex-presidente da companhia, que administrava uma empresa de limpeza em sua própria residência em Ashland (MA) e um escritório de notário público na Indiana.
Na segunda-feira (14), a TelexFree solicitou concordata na Corte Federal no distrito de Nevada. O FBI e agentes do Departamento de Segurança Interna (DHS) vasculharam o escritório da empresa no dia seguinte. Durante a busca das autoridades, o gerente financeiro, Joseph H. Craft, foi parado pelo xerife interino quando tentava fugir. Ele disse ao xerife que era apenas um consultor, ajudando a TelexFree a preparar os documentos para a concordata, segundo documentos do SEC apresentados na Corte.
O SEC descobriu que os executivos da companhia vinham tentando transferir milhões de dólares da TelexFree para eles mesmos ou outras empresas nas últimas semanas. O órgão federal recebeu aprovação judicial para congelar os bens da companhia na quarta-feira (16).
Os cheques confiscados durante a batida policial estavam em nome de vários administradores da TelexFree e empresas coligadas, segundo documentos do SEC. Cinco deles estava em nome da TelexFree LLC., em Nevada, totalizando US$ 25.5 milhões e um no valor de US$ 2 milhões, em nome de Kátia B. Wanzeler, que supostamente é a esposa do coproprietário Carlos N. Wanzeler, residente em Northborough. Um cheque no valor de US$ 10.4 milhões foi feito em nome da TelexFree Dominicana, segundo documentos apresentados na Corte americana.
Um m dia depois que as autoridades vasculharam o escritório em Marlborough, o coproprietário James M. Merrill apresentou uma ordem junto à sua empresa de investimentos para vender US$ 1.2 milhão de suas ações, descobriu um advogado da SEC, conforme documentos.
O capital da TelexFree vem enfrentando dificuldades há vários meses. Em junho, as operações da empresa no Brasil foram suspensas por ordem judicial que considerou suas operações uma fraude; investigações decorrentes da suspeita de lavagem de dinheiro e outros delitos estão sendo realizadas em vários países. Ainda assim, milhares de pessoas nos Estados Unidos continuaram a participar na empresa, muitos deles membros da comunidade brasileira. Os participantes investiam entre US$ 289 a US$ 1.375 e eram instruídos a entrarem online todos os dias para aprovarem 1 ou 5 anúncios na internet e receberem lucros anuais de até 250%.
Em março, as finanças da TelexFree começaram a desmoronar, segundo reguladores e, ainda assim, a empresa continuava a pressionar os investidores a injetarem mais dinheiro.
“Mesmo depois que o SEC e outros reguladores suspeitaram que tais programas eram fraude, os promotores da TelexFree continuaram a vender a promessa de dinheiro fácil”, disse Paul G. Levenson, diretor do escritório regional do SEC em Boston (MA), através de um comunicado na quinta-feira (17).
A ação movida pelo SEC é civil e visa evitar que a companhia recrute mais investidores, devolva os lucros indevidos e pague multas.
O Secretário de Estado William F. Galvin processou a empresa na terça-feira (15), alegando que a firma fraudou residentes em Massachusetts em US$ 90 milhões. A suposta fraude parece ser global, com milhares de clientes no Brasil, Espanha e África afetados.
Outras três empresas também foram incluídas na ação judicial apresentada pelo SEC: TelexFree Financial Inc., TelexElectric e Telex Mobile Holdings Inc.
Fonte: Brasilian Voice