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CONQUISTAS FEMININAS

O papel da mulher nos desafios da sucessão familiar

“As mulheres são mais exigidas que os homens, pois tentam se desdobrar para serem excelentes profissionais, excelentes mães, excelentes esposas, excelentes donas de casa...”, declara Mariana.

Por: CliC101 / Safras e Cifras/Manuelle Motta
Publicado em 01/04/2016 08:00

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Mãe, esposa, filha, irmã, profissional. Diferentes facetas que podem ser facilmente encontradas na maioria das mulheres hoje em dia. Essa atuação, em diferentes funções, foi uma das conquistas obtidas pelo sexo feminino e que é celebrada anualmente no mês de março, quando é comemorado o Dia Internacional da Mulher.

Todos os dias, elas se dividem em muitas para cumprir com obrigações e compromissos, em determinados casos, impostos pela sociedade. Porém, nas mulheres de uma família gaúcha isso foi uma escolha. Tanto a matriarca da família Hermann Pötter, Nara, como as quatro filhas, Raquel, Gabriela, Isadora e Mariana multiplicam-se em muitas para desenvolver papéis que geram frutos, satisfação e alegria.

Foto: Divulgação

Além de exercer atividades como mães e esposas, as filhas atuam na empresa da família e, como mulheres, veem essa conciliação como um dos maiores desafios. “As mulheres são mais exigidas que os homens, pois tentam se desdobrar para serem excelentes profissionais, excelentes mães, excelentes esposas, excelentes donas de casa...”, declara Mariana.

A inserção delas nos negócios da família foi quase que automática, visto que elas já são a terceira geração à frente da empresa. Os negócios começaram com o avô paterno que, em 1958, fundou em Dom Pedrito/RS a Estância Guatambu. Em 1970, 12 anos depois, o filho Valter José assumiu o comando da estância, que se tornou, ao longo dos anos, referência na agricultura e produção de sementes, assim como na produção de genética com touros das raças Hereford e Braford.

À medida que as filhas de Valter José foram se graduando, a integração com os negócios foi acontecendo. A primeira a se envolver com a empresa foi Raquel, em 1999. Formada em agronomia e mestre em ciência do solo, ela foi responsável durante dez anos pela parte técnica da área agrícola da Guatambu. Atualmente, mora em Porto Alegre/RS e presta consultoria na mesma área.

Já Gabriela, começou a atuar nos negócios quatro anos depois de sua irmã, aos 23 anos, e até hoje se dedica integralmente à empresa. Também formada em agronomia e com mestrado em ciência e tecnologia de alimentos, ela foi a responsável pela implantação de um novo segmento na estância: a produção de uvas viníferas, buscando com isso diversificar ainda mais o trabalho da empresa.

As duas irmãs mais novas, Isadora e Mariana se integraram aos negócios em 2008. Isadora, formada em direito, atua na área de gestão, vendas, relacionamento com o mercado e marketing. Já Mariana, formada em psicologia, se divide entre os atendimentos no consultório e o trabalho na empresa familiar, onde faz recrutamento e seleção de funcionários, assessoria na área de gestão e treinamento de pessoas.

Segundo elas, cada filha procurou desempenhar atividades na área com a qual mais se identificava, buscando com isso também sanar possíveis demandas da empresa. Isadora e Mariana, por exemplo, visualizaram na Guatambu a necessidade de um trabalho específico nas áreas que atuavam e, por isso, decidiram se envolver nos negócios. Mas de acordo com elas, a realização pessoal não foi deixada de lado nessa escolha. “Dessa forma, além de apresentar bons rendimentos, nos satisfazemos profissionalmente e pessoalmente”, afirma Mariana.

A importância da atuação da terceira geração na empresa foi tanta que, a partir dela, novas possibilidades se abriram. O trabalho com a produção de vinhos, iniciado por Gabriela em 2003, gerou resultados expressivos. Em 2010, a família ganhou a medalha de ouro para o vinho Rastros do Pampa, em um concurso realizado na Itália. Após essa conquista, a família Hermann Pötter investiu em um novo empreendimento: a Vinícola Guatambu Estância do Vinho, inaugurada em 2013, que engloba indústria, varejo e enoturismo.

A vinícola reuniu definitivamente as mulheres da família em torno do mesmo projeto, já que, além das filhas, a matriarca passou a dedicar-se aos negócios. Nara coordena os eventos que ocorrem no local e promove os vinhos e a marca Guatambu em feiras e eventos do segmento.

No entanto, como ocorre em toda empresa familiar, as relações em determinados momentos se misturam e, se não forem bem administradas, podem influenciar negativamente nos negócios. Na Guatambu, de acordo com Mariana, eles apostam no forte vínculo existente fora do trabalho para que a relação profissional não abale a família. Para isso, evitam falar de negócios em momentos de integração familiar. “Acreditamos que através desse sentimento maior que nos une é possível relevar e respeitar as diferenças de cada um, tendo cautela, principalmente, nos momentos de divergência”, avalia Mariana.

A convivência entre gerações é outro desafio nesse processo, visto que algumas visões ainda se mostram diferentes. Com o auxílio de uma consultoria em sucessão e governança, através da empresa Safras & Cifras, a família ajustou alguns pontos na organização do negócio e consegue identificar hoje as vantagens dessa integração. “Somos mais adeptas a reuniões e treinamentos com os funcionários do que o pai, por exemplo. Em contrapartida, em momentos difíceis, a longa experiência dele é que não nos deixa desistir, nos proporcionando serenidade para transpor os obstáculos”, destaca Gabriela.

Além disso, a tomada de decisões, como o planejamento dos investimentos e dos novos negócios, e a própria gestão das empresas, deixou de ser algo de responsabilidade exclusiva do pai Valter José. Agora, as decisões são tomadas em reuniões da família, proporcionando diferentes olhares sobre uma mesma possibilidade. Olhares estes que se viessem do avô, pioneiro nos negócios da família, seriam certamente de orgulho e satisfação. “Nosso avô pode acompanhar o trabalho da Raquel, a primeira a se inserir na empresa e ela lembra de vê-lo orgulhoso do seu trabalho. Já quando Gabriela estava analisando a área para iniciar o trabalho com as uvas, ele estava muito entusiasmado e opinava constantemente sobre o que achava melhor, mas infelizmente faleceu antes de ver a conquista da família”, conclui Mariana.








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