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CULTURA

Festival Caju de Leitores encerra edição com desfile, saberes e Awê Pataxó

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Por: Saruê Cultural | Pub.: 06/09/2025 10:58 | Atual.:06/09/2025 11:04
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Festival Caju de Leitores A programação contou com um desfile da estilista Mara Kambeba

A quarta edição do Festival Caju de Leitores chegou ao fim nesta sexta-feira (5), na Aldeia Xandó, território indígena Barra Velha, em Porto Seguro, com uma programação marcada por celebrações culturais, saberes tradicionais e expressões artísticas dos povos originários.

Durante o último dia, os palcos Maria Coruja e Cacique Sabará foram tomados por rodas de conversa, contação de histórias, sarau, medicina da mata, desfile de moda indígena e o aguardado Awê Pataxó, ritual conduzido pelo Grupo de Cultura da Aldeia Xandó, que encerrou o evento com muita espiritualidade.

Mulheres indígenas em destaque

No Dia Internacional da Mulher Indígena, a escritora e educadora Vãngri Kaingang emocionou o público ao compartilhar histórias do seu povo, presente nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Com firmeza e sensibilidade, ela falou sobre o surgimento da música, o significado dos nomes e a importância da erva-mate como herança cultural dos Kaingang.

Em seguida, Roberta Kedxure Pataxó, coordenadora da Escola Indígena do Xandó, destacou o protagonismo dos estudantes na criação do tema desta edição: Vozes da Terra. A arte visual do festival foi inspirada em um desenho feito por um aluno do 7º ano da escola. “É uma construção coletiva que valoriza nossa identidade e fortalece o pertencimento”, afirmou Roberta.

Saberes da floresta e moda ancestral

Na mesa Medicina da Mata, Aktxawã Pataxó apresentou as propriedades de plantas como guaraná, sucupira, sálvia, sassafrás, alecrim, marcela, imburana, canela, insulina vegetal, barbatimão, boldo, eucalipto e hibisco. “Essas plantas são nossas aliadas na cura e na prevenção”, destacou.

A Oca Tururim virou passarela para o desfile de Mara Kambeba, artesã, estilista e ativista. Cerca de 20 modelos exibiram peças inspiradas na ancestralidade e nos grafismos indígenas, com estética decolonial e inclusiva. “Minha arte comunica nossa cosmovisão e beleza real”, disse Mara.

Festival Caju de Leitores Vãngri Kaigang trouxe um pouco da história e tradição do seu povo; ela falou sobre a Erva-Mate, herança cultural dos Kaingang

Vozes, línguas e proteção animal

A língua Patxohã foi destaque em uma mesa com Ajuru Pataxó, Liça Pataxoop e Apêtxienã Pataxó, mediada por Thaiz Pataxó. O diálogo abordou identidade, resistência e preservação linguística.

No palco Cacique Sabará, a palestra Adoção e Proteção Animal: Educar para Cuidar, com voluntárias da ONG Caraíva Proteção Animal, alertou crianças sobre o cuidado com animais domésticos e silvestres.

Poesia e audiovisual

O sarau Poesia como Terapia trouxe o lançamento do livro A Terapia Realinhou Meus Astros, de Tatiana Brasileiro. O público participou de uma oficina de escrita criativa, onde todos puderam ler suas poesias escritas ali, no calor do momento.

Encerrando a programação, foi exibido o episódio Pataxó da série Gente Verdadeira, produzido pela Filmes que Voam e disponível na CineBrasil TV. O documentário, gravado em 2024 no território Barra Velha, tem como cenário a Escola da Aldeia Xandó e a Oca Tururim.

A despedida da quarta edição do Festival Caju de Leitores ficou por conta do ritual Awê Pataxó, que reuniu participantes e convidados em um momento de celebração, espiritualidade e conexão com a ancestralidade.

O Festival Caju de Leitores é uma realização da Savá Cultural, com apoio do Ministério da Cultura e do Governo Federal. Conta com patrocínio via Lei Rouanet da Neoenergia Coelba, Instituto Neoenergia e Itaú Unibanco; e com patrocínio da Secretaria Municipal de Turismo de Porto Seguro, por meio da Superintendência de Cultura. Tem ainda parceria acadêmica da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e reúne uma rede de parceiros locais, incluindo pousadas, comércios, instituições comunitárias e escolas da região.

Festival Caju de Leitores Na mesa Medicina da Mata, Aktxawã Pataxó, demonstrou o uso das plantas e suas propriedades medicinais

Box: Dia Internacional da Mulher Indígena

Comemorado em 5 de setembro, o Dia Internacional da Mulher Indígena foi instituído em 1983, durante o II Encontro de Organizações e Movimentos da América, em Tihuanacu, na Bolívia, e foi escolhido em memória de Bartolina Sisa, mulher Quéchua que foi morta durante a rebelião anticolonial de Túpaj Katari, no Alto Peru, região atual da Bolívia, nos anos de 1780.

O Festival Caju de Leitores promove o empoderamento feminino e a igualdade de gênero através da curadoria de autoras indígenas para palestras, atividades artísticas e rodas de conversas.

“Entendendo que as mulheres indígenas desempenham um papel essencial na preservação de suas culturas, línguas e tradições milenares, além de serem gestoras,  ativistas e representantes de seus territórios, o Caju, que chega à sua 4ª edição, ressalta a importância de mulheres que lutam por direitos, liderança e continuidade de seus legados ancestrais”, salientou Joanna Savaglia, organizadora do Festival Caju de Leitores.


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