“O INEMA, Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia, vai entregar quase 20% da Ilha de Boipeba, uma ilha da União considerada uma das mais bonitas do Brasil, para um grupo de empresários envolvidos em esquema de corrupção e lavagem de dinheiro.
O INEMA, publicou a Portaria nº 28.063 de 07 de março de 2023 que autoriza a supressão da vegetação nativa e o manejo de fauna de uma área de 16,5 km2, que corresponde a quase 20% da ilha, para construção de um condomínio de luxo.
Isso por si só já é um escândalo, mas o pior vem agora.
A empresa que está recebendo este paraíso baiano é a MANGABA CULTIVO DE COCO LTDA, uma empresa de cultivo de coco que tem sócios bem curiosos.
O primeiro deles é o José Roberto Marinho, um rapaz de classe média que tem mais de R$ 31 bilhões na conta, presidente da Fundação Roberto Marinho e vice-presidente do Conselho de Administração do Grupo Globo, organizações que, em público, “defendem” o meio ambiente.
Outro é o Arminio Fraga, aquele que foi presidente do Banco Central no governo FHC, pegou a economia com 8,9% de inflação em 1999 e entregou com 12,5% em 2002. Antes disso, tinha sido “conselheiro de investimentos” nas Ilhas Cayman. Ele é um dos liberais brasileiros que defendem a autonomia do BC e é contrário ao aumento do salário mínimo.
Outro sócio que vai morar na Ponta dos Castelhanos que, segundo o INEMA, será um empreendimento turístico-imobiliário, é o Antonio Carlos de Freitas Valle, um sujeito envolvido, junto com André Esteves, num esquema de sonegação fiscal de 22 jatos executivos e descobertos na operação Pouso Forçado da Polícia Federal.
Outro sócio que vai morar na Ponta dos Castelhanos que, segundo o INEMA, será um empreendimento turístico-imobiliário, é o Antonio Carlos de Freitas Valle, um sujeito envolvido, junto com André Esteves, num esquema de sonegação fiscal de 22 jatos executivos e descobertos na operação Pouso Forçado da PF.
Antônio de Freitas Valle também aparece no escândalo do Paradise Papers com sua empresa offshore MATRIX HIMALAIA. O Paradise Papers é a reunião de mais de 13 milhões de documentos confidenciais vazados em 2017 que mostram um esquema mundial de lavagem de dinheiro e sonegação em paraísos fiscais como nas Ilhas Cayman, onde o outro sócio do paraíso baiano, o Armínio Fraga, era “conselheiro de investimentos”.
António de Freitas Valle entra no negócio do paraíso de Boipeba por meio da empresa familiar chamada FILADELFIA EMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS E PARTICIPACOES LTDA, uma das sócias da MANGABA CULTIVO DE COCO LTDA.
Mas a MANGABA ainda tem outro sócio interessante. É a Sonoio Participações Ltda, cuja dona é a KATENGA CORPORATION, uma empresa offshore com sede em outro paraíso bem longe de Boipeba: as Ilhas Virgens britânicas.
Antes de toda essa MANGABA, os grileiros offshore já tinham cercado o terreno, impedindo que a comunidade da ilha tivesse acesso à área, deixando apenas uma pequena faixa de praia.
Toda aquela região do baixo sul da Bahia é habitada por pretos e pretas descendentes de escravos, tendo inclusive comunidades quilombolas na própria Ilha de Boipeba.
O projeto desses caras é expulsar centenas de pessoas pretas para construir dezenas de mansões, campo de golfe, parque, até um aeroporto particular e um píer pra receber os futuros moradores e visitantes.
Você acha que algum nativo vai ter acesso a essa riqueza?
Entre PARAÍSOS e MANGABAS eu deixo algumas perguntas:
1. De quem é a FAZENDA PONTA DOS CASTELHANOS onde vai ser construído o empreendimento?
2. Como essa fazenda, estabelecida num terreno da União, foi parar na mão dessas pessoas?
3. Como uma empresa registrada como de cultivo de coco pode ter permissão para construir empreendimentos imobiliários?
4. Qual a origem do dinheiro que vai ser usado na construção deste mega empreendimento? De outro Paraíso?”
Jailton Andrade é advogado, músico, dirigente sindical e do movimento negro e criador do Debate Petroleiro