Terminou neste sábado (26), na Universidade Anhembi Morumbi na Vila Olímpia em São Paulo, o 9º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, que este ano concentrou cerca de mil jornalistas especializados na área investigativa de 20 países. O evento é o maior do gênero no Brasil, que começou desde a última quinta feira (24) e terminou ontem (26/07), onde ocorreram 120 painéis para os três dias de congresso. Os jornalistas Athylla Borborema e Rubens Floriano, editor de jornalismo do Teixeira News e diretor da Rádio Três Corações FM de Itabatan, respectivamente, participaram do evento pela terceira edição e mais uma vez celebraram a qualidade do congresso em favor da qualificação dos profissionais e pelo zelo da informação.
Quase mil jornalistas reunidos debateram o erro e como evitá lo na suas reportagens. A discussão fez parte da programação do segundo dia do congresso. “O erro é um monstro com o qual se flerta todo dia, ou toda hora, nesses tempos de internet e manchetes substituídas a cada duas horas”, desabafa Clóvis Rossi, repórter especial da Folha de São Paulo, um dos apresentadores do painel “Ooops! O que grandes jornalistas aprenderam com seus grandes erros”.
O debate contou também com a presença de Suzana Singer (ombudsman do jornal Folha de São Paulo) Heródoto Barbeiro (Rede Record) e João Paulo Charleaux (Ong Conectas). Rossi lembrou episódios de erros nos quais foi envolvido, felizmente mais hilários do que daninhos. Em 1989, recebeu de um colega a informação de que o governo Sarney planejava congelamento de preços “em cascata”. Mesmo sem saber direito o que seria isso, falou com um ministro que tinha ouvido o rumor. O jornal publicou, mas essa medida econômica nunca aconteceu, nem foi cogitada.
Heródoto Barbeiro contou que anos atrás foi procurado na Rádio CBN por um sujeito que se dizia empresário. Como comandava um programa que divulgava bons e bem sucedidos empreendimentos, o radialista topou fazer uma entrevista com o homem, a quem não conhecia. Acontece que ele estava diante de um ator, obstinado em provar que a mídia é irresponsável. O homem gravou a sua performance como “empresário”, embora fosse tudo fingimento, e divulgou para o mundo o erro de Heródoto, em um filme de curta-metragem. Um equívoco ao qual o jornalista foi induzido, mas no qual pecou pela falta de checagem da informação.
O jornalista e radialista Rubens Floriano, diretor geral da Rádio Três Corações FM, de Itabatã, alerta que o repórter deve desconfiar de tudo e não deve confiar demais nas fontes. porque o erro é inerente à atividade jornalística. Tudo conspira para que ele ocorra: a prssão do tempo, o interesse nem sempre claro das fontes, urgências nem sempre verdadeiras.
Conforme o jornalista Athylla Borborema, é para evitar essas situações que o portal de notícias Teixeira News só publica a notícia após checá-la com no mínimo três fontes diferentes. “Algo que seria saudável, mas poucos têm feito”, ensina Borborema. “Não temos pressa, mas zelamos pela qualidade. A melhor informação está no DNA do Teixeira News”, disse Athylla Borborema. Para ele, no jornalismo não se deduz, se pergunta. Na pressa, evite matar alguém antes de confirmar a morte. Evite jornalismo declaratório. A pessoa pode estar convicta, mas enganada. Ou, pior, mentindo com a intenção de prejudicar alguém ou aparecer na mídia. É melhor credibilidade do que instantaneidade.
Nesta edição do congresso da Abraji, estudantes e recém formados em jornalismo passaram de espectadores a protagonistas de painéis. Eles tiveram a palavra em quatro painéis; além disso, o futuro do ensino de jornalismo foi debatido por especialistas. Um painel foi dedicado ao projeto “repórter do futuro”, que completa 20 anos. O curso de extensão, voltado para estudantes de jornalismo, é realizado pela Oboré Comunicações e Artes, com apoio da Abraji. Atualmente, é composto por três principais módulos:Descobrir São Paulo, Descobrir Amazônia e Jornalismo em Situações de Conflito Armado. Neste painel, participantes e ex-participantes se reuniram para compartilhar as experiências e contar como os cursos oferecidos pelo projeto influenciaram suas carreiras.
No último dia, cinco equipes vencedoras do prêmio “Jovem Jornalista”, concedido pelo Instituto Vladimir Herzog, falaram sobre as pautas e o processo de desenvolvimento dos trabalhos vencedores. O prêmio busca estimular os estudantes de jornalismo a produzir matérias de cunho social e político, fornecendo recursos para desenvolver as pautas.
Informações e fotos: Teixeira News/Athylla Borborema