O empresário Eduardo José Barros Costa, conhecido como “Eduardo DP”, sócio oculto da Construservice, empreiteira que é alvo de suspeitas de corrupção com verbas da estatal federal Companhia de Desenvolvimento (Codevasf) dos Vales do São Francisco e do Parnaíba, manteve elos políticos no Maranhão com aliados de Flávio Dino (PSB), então governador do estado.
A empresa, segundo a Folha de São Paulo, também foi uma das maiores beneficiadas por verbas para obras de pavimentação na gestão de Dino e do seu vice, Carlos Brandão (PSB), chegando a receber cerca de R$ 710 milhões de 2015 a 2022.
Investigação da Polícia Federal aponta suspeita de que a Construservice pagou propina de R$ 250 mil a um gerente da Codevasf. Em 2022, Eduardo DP, chegou a ser preso nessa apuração.
O empresário aparece em ao menos duas fotografias com Dino em eventos no interior do Maranhão.
A Construservice aumentou o faturamento nos últimos anos da gestão Dino. Foram cerca de R$ 300 milhões pagos por obras de pavimentação em 2020 e 2021, segundo dados do portal da transparência do estado.
No ano seguinte, mais R$ 236 milhões foram desembolsados para a empresa. Dino deixou o governo estadual em abril de 2022 para concorrer ao Senado.
“No nosso período não houve nenhuma denúncia em nível estadual”, disse Dino, que já havia sido escolhido para o Ministério da Justiça de Lula.
Questionado sobre a relação de seus aliados com Eduardo DP e sobre negócios da Construservice com o Governo do Maranhão, o Ministério da Justiça do governo Lula disse que Dino “não mantém e nunca manteve relação com empresários citados”.
Em nota, o Ministério da Justiça afirmou que Dino mantém relações estritamente profissionais com empresários dos mais diversos segmentos. Disse ainda que dezenas de empresas trabalharam para obras no Maranhão, feitas por meio de “procedimentos legais”. “Foram mais de R$ 10 bilhões em obras no período citado, executadas por diferentes empresas.”
“Sobre 2 fotos, em locais públicos, a assessoria informa que o arquivo existente do período governamental ultrapassa 110.000 fotografias do ex-governador com pessoas dos mais diferentes segmentos sociais, inclusive centenas de empresários”, afirmou a pasta.
Em outubro de 2021, o então governador posou para foto ao lado de Eduardo DP, no dia em que entregaria obras de pavimentação.
O empresário foi preso quatro vezes de 2015 a 2016 em investigações sobre agiotagem, corrupção e fraude em licitações.
Uma das operações, feita com participação da Secretaria de Segurança da gestão Dino, foi batizada de “Imperador”, um dos apelidos do empresário.
Em julho de 2022 Eduardo DP foi preso novamente, desta vez pela PF, que encontrou R$ 1,3 milhão em dinheiro, além de itens de luxos, na casa do empresário. Essa operação mirou suspeitas de fraudes em licitações e desvios de verbas federais da Codevasf.
Procurado, Eduardo DP não respondeu a questionamentos sobre a relação dele com aliados de Dino e sobre contratos da Construservice com o governo estadual.
O Governo do Maranhão também não se manifestou.