Bancos e grandes empresas estão sendo alvo de investigação por suspeita de terem pago propina para anular multas da Receita Federal do Brasil junto ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
Investigados - Estão sob investigação os bancos Bradesco, Santander, Safra, Pactual e Bank Boston, as montadoras Ford e Mitsubishi, a BR Foods, a Petrobrás, Bradesco Seguros, Camargo Corrêa, Light, grupo de comunicação RBS, grupo Gerdau, Marcopolo, Cervejaria Petrópolis, Coopersucar, Cimento Penha, Embraer, e o empresário Carlos Alberto Mansur.
Em conversa detectada com autorização da Justiça, um ex-conselheiro teria dito que “no Carf só os pequenos devedores pagam. Os grandes não”.
O pagamento de suborno a membros do Carf, órgão vinculado ao Ministério da Fazenda que julga em última instância recursos de grandes contribuintes multados pela Receita, era uma das formas utilizadas para que eles produzissem pareceres favoráveis nos julgamentos de recursos interpostos pelas empresas autuadas.
O rombo - Os débitos já levantados são da ordem de 14 bilhões de reais, e outros valores ainda estão sendo apurados pelos investigadores, estimando-se que possam alcançar a cifra dos 19 bilhões de reais em apenas 70 dos processos analisados.
Porta aberta - Como o Carf é composto por seis conselheiros, sendo três indicados pelos contribuintes e três pelo Ministério da Fazenda, numa análise elementar pode-se concluir que com propinas variando entre 1% a 10% do débito, basta que um dos três representantes do governo seja cooptado para que o resultado seja favorável às empresas.