Em juri popular realizado nesta quarta-feira (17) em Eunápolis, os indígenas Lourisvaldo da Conceição Braz, o “Roxo” e Valtenor Silva do Nascimento, o “Nô”, foram considerados culpados e condenados pela morte do fazendeiro Raimundo Domingues Santos, crime ocorrido no dia 9 de agosto de 2014 na Fazenda Brasília, região do Parque Nacional de Monte Pascoal, quando o corpo teria sido queimado e jogado em um rio, segundo o advogado da família, Igor Saulo.
A condenação se deu pelos crimes de homicídio qualificado, ocultação de cadáver, sequestro e cárcere privado.
Lourisvaldo, condenado a 18 anos, vai continuar preso no Cojunto Penal de Eunápolis, e Valtenor, com pena de 16 anos, aguarda em liberdade o julgamento do recurso interposto por procurador da Funai, beneficiado por habeas corpus do Tribunal Regional Federal.
Família
“A gente está confiante… é estressante, cansativo, triste… a gente luta por uma causa justa que foi a vida do meu pai, um ser humano… seja de qualquer classe social, a justiça tem que ser feita… nossa família está lutando por justiça, não pela camuflagem, porque muitas pessoas já disseram que não ia dar em nada, que é etnia indígena e com índio não se fazia nada, a gente quer mostrar que não é isso, que independente de ser índio, de ser órgão protegido pelo governo, a gente quer é justiça, existe justiça e ela tem que ser cumprida… a defesa está apelando dizendo que nossas lágrimas são de crocodilo”, disse uma das filhas do fazendeiro num intervalo do julgamento.
Comentários
Amigos da família teceram alguns comentários após o resultado do julgamento:
- Resultado de um trabalho bem conduzido desde o princípio, graças à competência, dedicação e seriedade das autoridades que o conduziram. Nosso reconhecimento e gratidão a todas essas pessoas do bem, que ainda mantém acesa a chama da justiça, dando esperança à sociedade, nesse país tão deteriorado pela injustiça e imoralidade;
- A condenação desses dois indivíduos tem efeitos pedagógicos importantes. A impunidade é o combustível para a criminalidade e ao combatê-la demonstra-se que todos serão alcançados pela justiça e isso desestimula os atos criminosos contra o cidadão de bem. A justiça feita deve muito a ação da família do Sr Raimundo que lutou de forma espartana para que este caso não se tornasse mais um crime sem solução como muitos que existem no Brasil.