O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) autorização para iniciar uma investigação contra a presidenta Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo. Eles teriam obstruído a Justiça ao atrapalhar os trabalhos da Operação Lava Jato.
O pedido é baseado na delação premiada feita pelo senador Delcídio do Amaral (MS). Em uma das oitivas, o senador acusou a presidenta e Lula de terem interesse em nomear, no ano passado, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Marcelo Navarro para barrar as investigações da Operação Lava Jato e libertar empreiteiros presos. Na época, Cardozo ocupava o cargo de ministro da Justiça, responsável por indicar informalmente à Presidência da República nomes de possíveis candidatos.
Caberá ao ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato no Supremo, decidir sobre a abertura do pedido de investigação. O procedimento tramita de forma sigilosa e não há data para a tomada da decisão.
O outro lado
Em nota, o instituto Lula afirmou que "só existe um crime evidente neste episódio: a gravação clandestina e divulgação ilegal de um telefonema da presidenta da República". Cardozo, falando também em nome da presidente Dilma, disse que as denúncias são "absolutamente levianas e mentirosas". Ainda ontem foi divulgada a informação que Janot pediu ao STF a inclusão de 31 políticos no maior inquérito em andamento sobre a Operação Lava Jato, incluindo Lula e Jaques Wagner.