A posse da ministra Cármen Lúcia na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde desta segunda-feira (12) foi marcada por duras críticas por representantes do Poder Judiciário, na presença na mesa solene, do presidente da República, Michel Temer (PMDB), do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) , do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e dos ex-presidentes Lula (PT) e José Sarney (PMDB) que se encontravam na platéia.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, citando a operação Lava Jato, disse que a classe política tenta prejudicar os responsáveis pelos trabalhos, que é inaceitável a reação contra a investigação pelo que chamou de “sistema adoecido” e que o Brasil precisa fazer uma depuração na política. "As forças do atraso que não desejam mudanças de nenhuma ordem já nos bafejam com os mesmos ares insidiosamente asfixiantes do logro e da mentira. Tem-se observado diuturnamente um trabalho desonesto de desconstrução da imagem de investigadores e juízes", disse Janot.
O ministro Celso de Mello disse que o Brasil enfrenta um momento desafiador, criticou a corrupção na política, afirmou "que se formou no âmago do poder estatal em passado recente uma estranha e perigosa aliança entre representantes do setor público e agentes empresariais" e que devem ser "punidos exemplarmente esses infiéis da causa pública, esses indignos do poder".
A presidente Cármen Lúcia, que presidirá o Supremo no biênio 2016/2018, e acumula a presidência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), evitando citar as investigações contra políticos, afirmou a necessidade de transformar o Judiciário, prometendo dar transparência a propostas para aperfeiçoar o funcionamento do tribunal e tornar o país mais justo. "O Brasil é cada um e todos nós, o Brasil que quereremos que seja pátria mãe gentil para todos e não somente para alguns", declarou.