O relatório Mundial das Nações Unidas sobre o desenvolvimento dos recursos hídricos propõe que a proteção dos mananciais de água no planeta seja realizada por meio da ampliação das florestas, da defesa das bacias hidrográficas e da recomposição dos solos, em todos os continentes.
O documento foi lançado nesta semana pela Diretora-Geral da Unesco, Audrey Azoulay, durante o oitavo Fórum Mundial da Água, que está sendo realizado em Brasília.
A ONU propõe que os gestores dos recursos hídricos invistam mais na chamada infraestrutura verde e busquem soluções capazes de serem colocadas em prática no campo e nas cidades.
Saneamento Básico
No Brasil, menos de 45% do esgoto lançado nos rios e nos mares é tratado, de acordo como Ministério do Meio Ambiente. Além disso, mais de 35 milhões de pessoas não têm acesso a água potável no país.
O especialista em Hidrosendimentologia da Universidade de Brasília, Henrique Leite Chaves, acredita que os investimentos na defesa dos recursos hídricos ainda são tímidos. Ele lembra que a proteção dos mananciais é importante para todos e, inclusive, para a economia do país.
“Agora, a gente tem conhecimentos. Sabemos que no Brasil, infelizmente ainda, não apenas na questão do saneamento, mas a própria gestão dos recursos hídricos, de uma maneira um pouco mais ampla, é ainda feita de uma maneira pouco tímida, eu diria. Uma vez que investimentos sejam feitos nessa área de gestão integrada de recursos hídricos, inclusive no saneamento, haverá um grande benefício para todos e uma grande economia para o país”.
Plano Nacional de Saneamento Básico
De acordo com o Plano Nacional de Saneamento Básico, todos os lares brasileiros, no campo e nas cidades, devem ter água potável e esgoto tratado até o ano de 2033. Até lá, para que isso ocorra, o governo Federal precisa investir mais de 300 bilhões de reais em infraestrutura hídrica.
Sem a aplicação desse dinheiro na gestão dos recursos hídricos a população pode sofrer com o empobrecimento e com aumento de doenças ligadas a falta de saneamento, por exemplo, como lembra Henrique Leite Chaves. “A questão de gestão de recursos hídricos é indispensável para o crescimento do Brasil, inclusive para a solução de uma série de problemas que nós vivemos, por exemplo: a desigualdade social e do baixo crescimento econômico. A falta de investimento nesse setor vai perpetuar o ciclo vicioso entre água de má qualidade, falta de saneamento, degradação ambiental, empobrecimento, e aí voltamos a fechar esse ciclo”.