Barreiras, São Desidério, Belmonte, Correntina e Jaborandi são os cinco municípios baianos, em ordem crescente, detectados pelos satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (INPE), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, como aqueles que apresentam os maiores riscos de queimadas de suas vegetações. A informação é do coordenador do Programa Queimadas do INPE, Alberto Setzer que garante: “O período agora é do mínimo de ocorrência. Nesse momento, quase nada ou muito pouco está acontecendo de queimadas no Estado da Bahia. O mês de fevereiro é muito tranquilo em função das chuvas que acontecem”.
Segundo Alberto Setzer, a partir do segundo semestre do ano, ou seja, entre os meses de agosto e novembro, as queimadas ocorrem com mais frequência. E faz uma denúncia: ”Todas as queimadas são resultados de ação humana seja ela de forma acidental ou proposital”. E explica: “As queimadas ocorrem fruto dos desmatamentos; manutenção ou renovação de pastagens; e a implantação de novos projetos agropecuários. O município de Barreiras, por exemplo, lidera esta corrida do fogo, por estar em constante crescimento”.
Monitoramento
O programa de monitoramento do INPE conta com três sistemas operacionais: o Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Prodes); o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter); e o sistema de mapeamento do uso e ocupação da terra após o desmatamento, TerraClass. Os sistemas são complementares e foram concebidos para atender a diferentes objetivos.
Os sistemas de monitoramento operados pelo INPE utilizam imagens com resolução espacial entre 20 e 30 metros, pois esta classe de imagens permite uma adequada identificação das alterações da cobertura vegetal na escala da Amazônia, considerando fatores como a disponibilidade de imagens, recobrimento frequente e extensivo do território monitorado e capacidade de processamento para a produção célere de resultados.
Sistemas
Para toda a extensão da Amazônia legal brasileira, o sistema Prodes realiza o inventário de perda de floresta primária, através do uso de imagens de satélite de observação da Terra, desde 1988. A partir deste inventário, são calculadas as taxas anuais de desmatamento para os períodos de agosto a julho, considerando como desmatamento a supressão da floresta em áreas superiores a 6,25 hectares. Os dados consolidados pelo sistema são apresentados no primeiro semestre do ano seguinte, quando é concluído o processamento das imagens necessárias para cobrir toda a Amazônia.
Lançado em 2004, o Deter é um sistema de apoio à fiscalização e controle do desmatamento e degradação na Amazônia, que produz, diariamente, alertas de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares. Os alertas indicam áreas totalmente desmatadas (corte raso) bem como áreas em processo de degradação florestal (exploração de madeira, mineração, queimadas e outras).Esses alertas são enviados automaticamente ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), sendo insumo para o planejamento das ações de fiscalização.
Por sua vez, o TerraClass, realizado com frequência bienal, numa parceria entre o INPE e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), tem por objetivo a identificação do uso e cobertura das áreas apontadas como desmatadas pelo Prodes. Com os resultados do TerraClass é possível fazer uma avaliação da dinâmica do uso e ocupação dessas áreas, nas classes mapeadas pelo projeto (agricultura, pastagens, regeneração entre outras). São classificadas áreas superiores a 6,25 ha.