De acordo com dados do Sistema Nacional de Informações sobre saneamento (SNI), detalhados em uma pesquisa do Instituto Trata Brasil (ITB), 81% do território baiano tem acesso a rede de água, porém 41,45% desta água potável é desperdiçada. Mas preservar a sua qualidade e desperdício envolve questões sociais, culturais e muitas pessoas não dão o devido valor ao assunto e até tratam a questão com descaso. Hoje, terça-feira, 22, é o Dia Mundial da Água. A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1992, com o objetivo de colocar em discussão assuntos importantes relacionados com esse recurso natural. Para ampliar o debate e conhecimento da situação, a Tribuna da Bahia procurou a Embasa, empresa responsável pelo abastecimento de água e esgotamento sanitário na Bahia, e especialistas no assunto.
“A Embasa opera grande número de sistemas integrados de abastecimento de água, que atendem mais de um município. Por isso, não é possível fazer um ranqueamento de desperdício de água por município. Entretanto, nos municípios do semiárido, que enfrentam historicamente um cenário de escassez de recurso hídrico, a população mostra um comportamento de consumo mais moderado da água”, destaca o engenheiro Paulo Jenner, gerente da Unidade de Controle e Redução de Perdas da Embasa.
Um fator importante para ser levado em consideração no desperdício de água são os hábitos perdulários de consumo do produto no cotidiano, as fraudes e ligações clandestinas na rede distribuidora podem ser consideradas grandes vilãs no que diz respeito ao desperdício da água potável. “Tais ligações, por não passarem por controle, tendem a ter um consumo mais elevado, aumentando o desperdício. Em regiões de crescimento urbano desordenado não é raro que o grande número de ligações clandestinas, fraudes e lava a jatos irregulares acabam desviando a água que deveria abastecer as ligações regulares, o que pode afetar a regularidade do abastecimento da localidade como um todo”, constata Jenner.
Somente na capital baiana, cerca de 142 mil imóveis estão habitados, mas com a ligação de água inativa, ou seja, certamente estão sendo abastecidos de forma clandestina. Na prática, isto significa que estas residências ou estabelecimentos comerciais não possuem nenhuma outra forma identificada de abastecimento e utilizam a rede da Embasa de forma irregular. A estimativa é que estes imóveis consomem anualmente cerca de 27 bilhões de litros de água sem que a empresa seja remunerada pelo serviço prestado. Segundo a Embasa, as principais formas de furto de água são as ligações clandestinas (quando o usuário interliga o seu ramal indevidamente à rede pública distribuidora de água), as fraudes na medição (quando o hidrômetro é danificado ou desviado, visando adulterar a medição do consumo) e as fraudes no corte (quando a ligação é cortada por falta de pagamento e o cliente faz a reativação de maneira indevida).
Como sabemos, a vida no planeta só é possível graças à presença de água, desse modo, cuidar das fontes de água é fundamental para a nossa sobrevivência. Já o corpo humano, por exemplo, necessita de água para diversos processos, como a manutenção da temperatura corpórea e o transporte de substâncias.
O biólogo, professor do IFBaiano e Dr em Ensino da História e Filosofia das Ciências, Tasso Meneses Lima explica a importância da água, “mais de 70% do nosso corpo é composto por água. A água é um componente fundamental das células, dadas as funções de solubilidade, polaridade adesão e coesão. Sem ela as células não funcionam”. E destaca que “faltam políticas públicas de saneamento urgentes. A água é um recurso que tem limites. Com as mudanças climáticas há riscos de desabastecimento em alguns lugares. Já é possível perceber no Brasil as consequências da falta de água, para além das nossas necessidades, que repercutem nas tarifas de energia cada vez mais crescentes.”
Plano de responsabilidade ambiental da Embasa
Dentre as ações operacionais empreendidas pela Embasa para controlar as perdas de água na rede distribuidora, destacam-se: pesquisas de vazamentos não visíveis com uso de tecnologias modernas; substituições de redes e ramais obsoletos ou com elevado grau de desgaste; aplicação de telemetria (transmissão de dados à distância) para acompanhar em tempo real o comportamento dos sistemas de distribuição; controle e redução dos níveis de pressão nas redes para reduzir a fadiga e desgaste do material; dentre outras.
Além das ações voltadas para o combate ao desperdício, ainda no plano da responsabilidade socioambiental, a Embasa desenvolve projetos que visam à recuperação ambiental em regiões de bacias hidrográficas em sua área de atuação. Um desses projetos é o Guardiões das Águas, que promove a recuperação ambiental nas bacias dos rios Joanes e Jacuípe. Contando com recursos da ordem dos R$3 milhões - provenientes do Fundo Socioambiental da Caixa Econômica Federal, além de contrapartida de cerca de R$300 mil em recursos próprios da Embasa . O projeto já promoveu o cadastramento e regularização ambiental de 300 imóveis rurais familiares, a recuperação de mais de cem hectares de vegetação nativa (situadas em margem de rio ou topo de morro) e de 104 nascentes, escolhidas estrategicamente por meio de um estudo prévio desenvolvido com a Universidade Federal da Bahia (Ufba) e com o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema). Através do Guardiões das Águas também foram realizadas 40 oficinas de educação ambiental crítica, voltadas para pequenos produtores rurais da região.
Com conclusão das etapas de plantio de mudas, oficinas ambientais e cercamento de nascentes realizadas entre 2021 e 2022, o próximo passo do projeto Guardiões das Águas é o desenvolvimento de uma metodologia que permita o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) para os moradores que assumirem tarefas específicas para manutenção do trabalho já realizado, visando garantir a sustentabilidade e um efeito duradouro para as ações de recuperação ambiental. A ideia é fazer um pacto entre grandes instituições usuárias da água das bacias, incluindo a Embasa, que possam financiar uma remuneração para as pessoas da comunidade que vão manter as nascentes limpas, cuidar das florestas e dos rios, gerando uma forma economicamente viável de contribuir para a preservação das bacias.
Dicas
A empresa mantém campanhas e ações permanentes de sensibilização da população sobre a importância do uso racional do recurso. Cada gesto simples pode promover um consumo mais consciente da água e também a redução do valor da fatura mensal. Seguem algumas dicas:
Confira se a válvula do vaso sanitário está regulada. Vasos sanitários com caixa acoplada utilizam 6 litros de água/descarga, em vez dos mais de 20 litros das válvulas de parede convencionais; prefira chuveiro comum a ducha e feche a torneira ao se ensaboar; banho de 15 minutos de ducha com registro totalmente aberto = 243 litros de água; banho de 15 minutos de ducha com registro meio aberto = 153 litros de água Banho de 15 minutos de chuveiro comum com registro aberto = 51 litros de água; em um banho de 5 minutos, fechando a torneira ao se ensaboar, o volume consumido reduz-se em média 3 vezes em relação às situações anteriores; ao escovar os dentes, enxague a boca com a água do copo a economia será de 3 litros de água; feche a torneira ao se barbear, escovar os dentes ou lavar a louça. Cada 5 minutos com a torneira aberta gasta em torno de 25 litros. Antes de lavar a louça, remova os restos de comida de todas as peças e deixe-as de molho, se necessário. Ensaboe tudo, mantendo a torneira fechada, e enxague de uma vez, você deixará de gastar em torno de 243 litros de água que seriam gastos se a torneira ficar meio aberta por 15 minutos, tempo estimado para toda a atividade de lavar louça; Acumule roupa para lavar de vez, seja na mão ou na máquina. Reaproveite a água do enxague da máquina de lavar. Essa água, que iria para o ralo, pode ser usada na faxina e para lavar o carro ou molhar as plantas. Mais litros a menos na sua conta; Evite o uso de mangueira. Para molhar as plantas, prefira o regador. Se tiver um jardim grande, opte pela mangueira com esguicho-revólver. Para lavar o carro, use balde e panos e, para fazer faxina, balde e vassoura; cubra sua piscina quando não estiver em uso.