A temperatura máxima já tinha sido atingida logo cedo antes do início da sessão desta quinta-feira (20) na Câmara de Vereadores de Itabela, quando o presidente Alex Alves Vieira andava de um lado para o outro falando sobre “pressão” que estaria sendo feita. Na insistência da nossa reportagem, ficou esclarecido que a tal pressão era da manifestação do povo que já lotava as dependências e a área externa, ansioso por ver o desfecho da votação aguardada com muita expecativa, certamente diante das ocorrências do passado quando contas com parecer contrário do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) acabaram sendo aprovadas pela Câmara.
A presença maciça do público, com representantes da Loja Maçônica, sindicatos, associações, produtores, empreendedores, professores, estudantes, servidores públicos, foi o ponto forte, numa demonstração de que a cidadania deve continuar sendo exercida para que as conquistas sejam alcançadas.
Alguns vereadores usaram a palavra para breves pronunciamentos sobre as contas do ex-gestor Paulo Ernesto Pessanha da SIlva (Júnior Dapé), os quais relatamos suscintamente:
- Alencar: Apontou saída de mais de 3 milhões de reais sem aparecer comprovação na prestação de contas; valor acumulado de 15 milhões na dívida ativa, sendo atribuídos mais de 6 milhões a Júnior Dapé, quase 6 milhões a Dino Pereira, mais de 3 milhões a Caribé e 19 mil a Ilson Oliveira;
- Antônio Veloso (Gordo): Falou que tem gente que estaria assinando cheques e que deve “colocar as barbas de molho”;
- Alex Alves: “Me dê um voto de confiança que vou trabalhar com honestidade”, “aqui trabalhamos com transparência”, “quem julgou [os vereadores] em redes sociais vai ver o resultado aqui”, se referiu a ex-gestores que geraram o caos no município, e apontou devolução de recursos aos cofres públicos a ser feita por ex-gestores, que totalizariam cerca de 20 milhões de reais, e lembrou que a fiscalização deve continuar sendo exercida com a gestão atual;
- Renaldo: Recebido com apupos pela plateia, reagiu dizendo que “quem está de barriga cheia põe as mãos pra cima, quem está de barriga vazia chora”; e numa espécie de desabafo, sabe-se lá por que, disse:“nunca tive um centavo de empresário”;
- Joaldo: “Dinheiro público não pode ficar nas mãos de duas ou três pessoas”, “não me corrompo, dinheiro não me compra, faço meu trabalho”, “agradeço muito ao meu patrão Ademor”;
-Renato: Se mostrou indignado com comentários feitos por um ex-prefeito no Facebook e a pessoas a quem chamou de “puxa sacos”, disse que na administração está um “jogo de empurra”, que pediu a folha analítica e não recebeu, e que o mesmo peso deve ser usado para julgar a todos os gestores;
- Giancarlos: Último vereador a se pronunciar, ressaltou que o secretariado deve tratar melhor o povo, falou do recebimento de informações evasivas, lembrou que o Distrito de Monte Pascoal precisa da Creche que há quatro anos não funciona, para que as mães possam ter onde deixar seus filhos e trabalhar dignamente na colheita do café, e, sem apontar nome, “desceu a borduna” num político que disse ter passado pela Câmara por cerca de 30 anos e teria aprovado todas as contas rejeitadas pelo TCM; cobrado insistentemente para dizer o nome, Giancarlos permaneceu impassível.
Votação
Aberta a votação nominal, cada vereador, de viva voz, usou o microfone para proferir seu voto, tendo ao final o placar apontado o que um cidadão ao lado do repórter se referiu a “placar de baba”, com 11 a 0 em favor da rejeição das contas, configurando a unanimidade.
Ressalte-se que o vereador Pedro Ribeiro, por ser tio do ex-prefeito, foi substituído pelo suplente Pedro Fisioterapeuta, e a vereadora Sônia França, por ser esposa do ex-secretário Lúcio França, atingido pelo processo, também foi substituída na votação pelo suplente Salvador Assis.
