Na reunião da Câmara de Itabela na quarta-feira (13), a temperatura foi elevada até quase a fervura com o pronunciamento do vereador José Alencar Arrabal (PP), que foi à tribuna e fez lembrar os tempos em que usava os microfones de rádio para escancarar as mazelas do executivo municipal.
Em seu inflamado discurso, o vereador nem parecia pertencer à base do governo municipal, além de ser o líder do prefeito na Câmara, quando ‘acende ainda mais a chama do fogareiro’ com algumas declarações bombásticas. Segue abaixo alguns trechos do discurso do Vereador Alencar:
Contratados
“Encaminhar requerimento para solicitar do prefeito que mandasse para esta casa a relação dos contratados, não é que eu sou contra pobre trabalhar não, mas foram demitidos 26, inclusive 6 não tinham sido nomeados que estava trabalhando ganhando salário mínimo, não vou dar nome por questão de ética”.
Ganhar bem sem trabalhar
“Mas tem 10 senhoras recebendo quase 3000 a 3500 e nunca vieram aqui nesta cidade trabalhar. Por isso que eu estou pedindo: doa no prefeito, doa em minha mãe, doa em quem for, elas não vão continuar recebendo dinheiro desse povo, que eu vou denunciar ao Ministério Público na semana que vem. Estou disposto a tudo ou nada”.
“Não se pode uma ... (citou nome) fingir que trabalha. Uma outra advogada fingir que trabalha. Quantos empresários e empresárias de Eunápolis fingir que trabalha. Isso é uma vergonha para qualquer administração. Não faço parte dessa vergonha. Os meus trabalhadores estavam na porta das escolas trabalhando, porque se eu colocar um funcionário que ele não respeitar o poder público, que ele não cumprir com o seu dever, eu peço para tirar. Já pedi para tirar”.
Agentes/Procurador/PPA/Orçamento
“Os agentes de endemias me procuraram, noites e noites, dias e dias, elaboraram a reestruturação da vigilância sanitária, levamos às mãos do procurador e diversas e diversas vezes. Esta semana voltei a dizer a ele... Estamos revisando uma vigilância que vai arrecadar 97 mil reais por mês e estamos solicitando que eles sejam remunerados por produção. Se não der é porque o procurador é um irresponsável, é uma vergonha para qualquer prefeito manter no cargo uma ... (citou nome), manter no cargo esse procurador e manter no quadro as maiores incompetências que tiveram coragem de fazer o plano para mandar para aqui o PPA feito a facão. Vamos devolver, presidente. Deixa vir o orçamento”.
Incompetência
“Agora é preciso um pouco mais de respeito e que o gestor entenda que nós estamos pedindo desde o começo do ano, a incompetência da contabilidade, a incompetência desse procurador metido a dono do mundo, que anda com uma bolsinha pendurada, vai naquele restaurante comer, abastecer seu carro. Para não dar satisfação a esses palhaços, eu tive 575 votos, fui o mais votado da coligação... Não vou compactuar com vagabundos e malandros que vêm de outras cidades para querer achar que aqui é bacana”.
Aparte do Presidente da Câmara
Em breve intervenção, o presidente da Câmara, vereador Gedalvo Matos, assim se manifestou: “Essa casa não deixou de avisar ao senhor prefeito as coisas que as vezes não estão trabalhando da maneira como Alencar está citando e isso é verdadeiro, nós estamos aqui sempre para ajudar o nosso município, foi comunicado através de todos os vereadores as irregularidades, as faltas de interesse das pessoas que tem o seu trabalho a fazer e não faz, como diz o vereador Alencar”.
Vergonha e mudança de partido
O vereador Alencar, depois de dizer que “pode gravar... grave que é eu que estou falando, assumo meu cargo”, finalizou voltando a apontar para o cenário político: “Esse Brasil, ele em oito anos com esse PT que aí está, que possivelmente eu estou desligando do partido que estou, estou saindo do meu partido, para justamente me desatrelar desse PT que é aliado do PP, porque eu não consigo entender que nós não vamos ter vergonha na cara de sair na casa do povo pedindo voto para Jaques Wagner. Será piada”.
E assim, o nobre Vereador Alencar findou seu discurso, executando o que se espera do mesmo na condução de seu cargo, mostrando sua indignação com os erros da administração pública, sugerindo correções e automaticamente contribuindo para o melhoramento do município.
