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CABIDE / CÂMARA

Câmara dos Deputados emprega 16 políticos derrotados em eleições no Senado

Nenhum deles precisa bater ponto; assessoria do presidente do Senado afirma que todos têm “larga experiência” e que ter exercido mandato os credencia a atuar como assessores políticos

Por: TRBN
Publicado em 13/11/2023 08:57
Atualização:13/11/2023 09:00

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O gabinete do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se tornou “porto seguro” para políticos derrotados nas urnas nas últimas eleições. A relação é de ganha-ganha: como representantes de Pacheco em municípios no interior de Minas Gerais, 16 assessores com histórico político e eleitoral permanecem relevantes em suas bases eleitorais mesmo sem mandato porque conseguem viabilizar recursos para os municípios. Já o senador, que avalia disputar o governo de Minas em 2026, ganha cabos eleitorais espalhados pelo Estado e o crédito pela autoria das indicações.

Pacheco disse, em nota enviada pela assessoria da Presidência do Senado, que todos os servidores lotados em seu gabinete têm “larga experiência” em assessoramento político, como exige a função, e que eles cumprem o regulamento administrativo da Casa. “Possuírem no currículo o exercício de mandato eletivo não os diminui, mas os credencia”, declarou.

Levantamento feito pelo Estadão mostra que, nos meses após a eleição de 2022, Pacheco nomeou quatro candidatos a deputado federal que não conseguiram se eleger e ficaram como suplentes. Entre eles, Júlio Delgado (PV-MG), que teve seis mandatos seguidos na Câmara dos Deputados, e o também ex-deputado Subtenente Gonzaga (PSD-MG), que ficou 12 anos no cargo. Outros contemplados são o primeiro suplente do PSD, Renato Andrade (PSD-MG), e o ex-prefeito de Arcos (MG), Denilson Teixeira (PSD-MG).

A reportagem também identificou seis assessores nomeados para o gabinete de Pacheco que foram derrotados na eleição de 2020 para prefeito e vereador ou chefes do Executivo que já haviam sido reeleitos e não poderiam disputar o terceiro mandato. Os assessores estão espalhados pelo Estado: desde a capital Belo Horizonte, passando pelas regiões Central, Oeste de Minas, Vale do Aço, Zona da Mata, Sul, Sudoeste e Triângulo Mineiro.

A única exceção é a ex-senadora Rose de Freitas (MDB-ES), que está lotada na Presidência do Senado. Os assessores trabalham em regime especial de frequência, o que significa que não precisam bater ponto. Basta que o chefe de gabinete ateste, ao final do mês, que eles cumpriram a carga horária determinada.

Atual ministro, Silveira já ocupou cargo na presidência de Pacheco no Senado

A prática de nomear suplentes não é novidade para Pacheco. Logo após assumir a presidência do Senado em fevereiro de 2021, ele escolheu o atual ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), então suplente de Antonio Anastasia (PSD-MG), para atuar como diretor jurídico da Casa.

Apesar do nome sugerir um cargo burocrático, Silveira se reuniu com mais de 800 prefeitos mineiros — de um total de 853 — em nome de Pacheco somente em 2021. Minas Gerais foi o principal destino dos recursos do orçamento secreto naquele ano. Silveira foi candidato a senador em 2022, mas ficou em segundo lugar.

Após a eleição, o ministro de Minas e Energia foi o único mineiro alçado ao primeiro escalão do governo Lula. Até hoje, políticos mineiros, inclusive petistas, se ressentem da baixa representatividade na Esplanada dos Ministérios. O Estado foi o único onde Lula venceu Bolsonaro fora das regiões Norte e Nordeste.

Um deles é Júlio Delgado. Ele foi convidado por Pacheco para integrar a equipe do gabinete após não ter sido chamado para compor o governo Lula mesmo tendo feito campanha para o presidente. O ex-deputado considera que foi retaliado pelo PT por ter sido o relator da cassação de José Dirceu, como consequência do Mensalão, em 2005, e de André Vargas, no início da Operação Lava Jato em 2014, ambos petistas.








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