A votação do processo que envolve as contas de 2008 do prefeito Júnior Dapé, em tramitação na Câmara de Itabela, foi objeto de conversa da reportagem do CliC101 com o vereador Célio Marinho (PCdoB), para esclarecimento de aspectos polêmicos levantados pela comunidade e formadores de opinião no município de Itabela.
“As contas 2008 já deveriam ter sido votadas, os vereadores queriam votar”, relatando que o vereador Pedro entrou com recurso e aguarda o parecer da assessoria jurídica pera entrar em pauta.
Segundo Célio Marinho, “cada vereador tem a sua opinião própria. Seria bom se todos analisassem a política de forma filosófica como Pitágoras, como Platão”.
Reclamos da comunidade
“Os reclamos da comunidade são válidos. A população tem o poder do voto, o poder de colocar e o poder de tirar, e quando elege o vereador, elege para ser o seu representante. O vereador tem o papel de fiscalizador, analizador, votar as leis, corrigir as leis. A maioria dos vereadores não fez parte da legislatura 2005-2008… e a batata caiu em nosso colo”, disse o vereador.
Outros questionamentos foram feitos ao vereador Célio Marinho:
CliC101 – O processo das contas tem embasamento para ser aprovado?
Célio - É uma resposta que a gente vai deixar para fazer com o parecer, prefiro esperar o parecer da Câmara. O parecer técnico foi uma Tomada de Contas de contas que não existiram. Se Júnior acha que tem fórmulas pra se defender fora a Câmara, não sei.
CliC101 – O vereador pretende usar a ´janela partidária`para trocar de partido?
Célio - Não vejo essa possibilidade de mudança. Quando me filiei ao PCdoB foi justamente me filiar a um partido que pelo menos nós tivéssemos voz ativa, não fosse um partido de aluguel como o que eu estava, o PHS.
CliC101 – O embasamento do voto do vereador está em consonância com a orientação do partido (PCdoB)?
Célio - O partido me deixou tranquilo, à vontade pra tomar as decisões em relação às contas. Isso aconteceu em Porto Seguro, em Eunápolis. Toda Câmara tem atuação política e administrativa, então é natural que o vereador, assim como os prefeitos, administrem essa situação
CliC101 – Na eventualidade do partido ter uma posição com relação ao relacionamento com o prefeito, com a votação, o vereador acompanharia o partido ou teria sua decisão própria, como já falou, com independência para definir o seu voto?
Célio - Eu acredito que tenho uma certa independência hoje, até mesmo porque eu não tenho tido o acompanhamento do próprio partido no meu mandato parlamentar. Na dimensão do meu mandato parlamentar não tive esse apoio. Portanto, hoje não teria assim... as lideranças do partido… poderia até ter opinião, mas quem vai definir, quem vai decidir realmente sou eu. Acho que pra você cobrar, prá você opinar sobre qualquer coisa, você tem que ter ajudado, ter participado. O apoio que demos a Deivison Magalhães (deputado) só fui eu do partido e Wellington que nem era filiado no partido. Estou bem à vontade. Em relação a essa satisfação, pelo menos agora não. Posso ouvir, porque pra tomar uma decisão não pode ouvir uma única pessoa. A decisão é de quem está no mandato.
CliC101 – Como está seu relacionamento com o prefeito depois do afastamento formal do partido (PCdoB)?
Célio – O afastamento se deu porque tínhamos um projeto político de termos uma cidade melhor. É sabido por todos que a educação, a agricultura, assistência social, durante esses três anos funcionou meio que capenga, mas a verdade é que funcionou de alguma forma… mesmo que engessados conseguimos manter funcionando, o que na verdade não agradou, não era da forma que nós pensávamos, mas chegou a um ponto que não dava mais para sustentar… O prefeito forma um grupo, fica de um lado ele só e do outro criou um muro, centraliza o poder… imaginávamos que pudesse nesses anos todos mas não mudou… piorou, é uma administração arcaica. Você participar de um governo e não participar da administração é como você estar inerte.
CliC101 – E sobre o afastamento de sua esposa e outros funcionários ligados ao vereador?
Célio - Tem acontecido de pessoas me procurarem e dizer, fui à secretaria de educação e o secretário falou que quem resolve essa questão de emprego é vereador. O vereador não dá emprego, quem dá emprego é o prefeito. Inclusive minha esposa estava trabalhando na creche e devido a esse rompimento, minha esposa não é nem filiada ao partido PCdoB… eu continuo sendo vereador, a vice-prefeita continua sendo vice-prefeita, e eu creio que foi uma irresponsabilidade em afastar alguém que está prestando um serviço, e não fui eu que indiquei… não solicitei emprego a prefeito, acho que eles foram irresponsáveis.
CliC101 – O vereador Célio entendeu isso como uma retaliação?
Célio - Eu creio que sim, uma retaliação que houve arrependimento, fui procurado inclusive… só que acho que o que está feito está feito e toda ação tem consequências. São dois poderes… executivo faz sua parte e legislativo faz a sua… e agente toca o barco. Tenho mandato parlamentar até o final do ano e talvez ele tenha esquecido disso, e esse mandato me dá o poder de atuar… o poder de polícia (risos).
CliC101 – Isso deixa o vereador com o pé atrás na votação das contas?
Célio - Isso vai ter algumas consequências… na hora de decidir isso pesa. Vão pesar algumas coisas.