Aguardado com expectativa durante os últimos dias, já que ela não havia declarado a sua decisão, o voto da deputada federal baiana Tia Eron (PRB-BA) acabou, juntamente com o voto do deputado Wladimir Costa (SD-PA), sendo decisivos para a aprovação do relatório pela cassação do presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
"Eu não sou dada a autofagia, mas, em relação a minha consciência, é nela que reside a verdade”, é preciso trabalhar para não “chafurdar o Brasil”, disse a deputada antes de votar favoravelmente à cassação.
Já Wladimir Costa, que já havia declarado ser contra o relatório, mudou de posição no último momento e votou pela cassação de Cunha.
Pela cassação - Votaram, ainda, pela cassação de Cunha, os deputados Zé Geraldo (PT-BA), Julio Delgado (PSB-MG), Leo de Brito (PT-AC), Valmir Prascidelli (PT-SP), Nelson Marchezan Junior (PSDB-RS), Betinho Gomes (PSDB-PE), Sandro Alex (PPS-PR), Alessandro Molon (Rede-RJ) e Ivan Valente (PSOL-SP).
Contra a cassação - Já os deputados João Bacelar (PR-BA), Alberto Filho (PMDB-MA), André Fufuca (PP-MA), Mauro Lopes (PMDB-MG), Nelson Meurer (PP-PR), Washington Reis (PMDB-RJ), Sergio Moraes (PTB-RS), Laerte Bessa (PR-DF), Wellington Roberto (PR-PB) e Carlos Marun (PMDB-RJ) votaram contra a cassação.
“Contra fatos, não há argumentos, taí a vontade dos deputados do Conselho de Ética para quem a consciência falou 'mais forte'. A gente pensava que alguns iriam votar a favor do deputado Eduardo Cunha e votaram contra, a consciência falou mais forte e eles votaram contra o Cunha”, disse o presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA).
Já o relator, Marcos Rogério, disse que não ficou surpreso com o voto favorável de Tia Eron, mas que se surpreendeu com o voto de Costa. Rogério disse que, agora, espera a confirmação da decisão do conselho pelo plenário da Casa. “O mérito dessa questão só o plenário pode confirmar ou modificar, e eu estou confiante de que o plenário vai votar com as provas e com o país”, disse Rogério. “Estamos virando uma página histórica neste momento, e isso nos dá a certeza de que nem tudo está perdido e que há pessoas que zelam pela ética, pelo decoro”, afirmou.
Eduardo Cunha é acusado de quebra de decoro parlamentar por ter mentido sobre o fato de ter contas no exterior, durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. Na votação de ontem no Conselho de Ética, o relatório de Marcos Rogério foi aprovado por 11 votos a 9. A defesa de Cunha disse que ele vai recorrer da decisão.