Aliados do governador Jaques Wagner (PT) admitem, reservadamente, que os últimos movimentos do secretário estadual do Planejamento, José Sérgio Gabrielli, travaram o xeque-mate armado para garantir a candidatura do chefe da Casa Civil, Rui Costa.
A avaliação no Palácio de Ondina é a de que o ex-presidente da Petrobras acertou na estratégia usada para se manter no páreo petista de 2014. Primeiro, gritou alto para que a definição do nome só ocorra depois da eleição da nova direção do partido na Bahia, em 10 de novembro, com ampla discussão entre a militância, e se opôs publicamente à comissão criada por Wagner para acelerar a decisão.
O discurso acordou lideranças que nutriam insatisfações com o processo. Segundo, conseguiu o apoio dos cardeais de sua tendência, Construindo um Novo Brasil (CNB).
Por fim, mostrou força ao reunir deputados, prefeitos e integrantes do alto escalão do governo em um ato a favor de sua candidatura. Deu tanto resultado que Wagner tirou o pé do acelerador para rearrumar o xadrez.
Galope solto
O levante de Gabrielli também o colocou à frente do senador Walter Pinheiro na corrida interna pela candidatura do PT ao governo da Bahia. Como optou pelas costuras nos bastidores, sem expor os passos aos líderes de base, Pinheiro acabou sem o lastro da sua poderosa corrente no partido, a Democracia Socialista. De quebra, perdeu para Gabrielli o posto de porta-voz dos militantes insatisfeitos.
Fala e eu te escuto
Na segunda-feira, Wagner sentiu os efeitos da tática de Gabrielli. Em Teixeira de Freitas, ouviu de um correligionário: “Wagner, tá na hora de Gabrielli”. O governador indagou: “Por quê?”. “Porque ele é mais alinhado”, disse o interlocutor. “Com quem?”, insistiu. “Com o projeto de socialismo e inclusão”, carimbou. O governador sorriu e afirmou: “Todos aqui são”. Do lado, estava Rui Costa.
