Durante muito tempo, a atuação do Psicólogo ficou pautada no modelo clínico tradicional, sendo uma psicologia para poucos. Contudo, desde os avanços na área da psicologia social e comunitária nos fins da década de 70 e com a redemocratização do País, a Psicologia passou a participar dos processos de construção e execução de políticas públicas garantidas pela Constituição Federal como saúde e Assistência Social– está sendo regulamentada pela Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS nº 8742, 1993. Com a aprovação da Política Nacional de Assistência Social e com a criação do Sistema Único de Assistência Social (2004 e 2005, respectivamente) o campo de trabalho para os psicólogos nesta área teve uma grande e histórica expansão levando estes profissionais a atuarem frente às questões sociais e a reconstruírem uma psicologia comprometida com os fenômenos da desigualdade social.
Nesse sentido, a atuação dos psicólogos nesta Política Pública, tem como finalidade básica a potencialização dos usuários dos serviços como sujeito de direitos e o desenvolvimento de comunidades/território, trabalhando para a promoção do acesso aos direitos sociais em prol da emancipação social das famílias e fortalecimento da cidadania sempre pautadas nos princípios e valores estabelecidos no Código de Ética Profissional.
Trata-se de um trabalho social com famílias desenvolvido interdisciplinar e intersetorialmente produzindo suas intervenções em serviços, programas e projetos.
No município de Eunápolis, os psicólogos que atuam no Sistema Único de Assistência Social – SUAS realizam suas atividades em diversas unidades como:
CRAS (Centros de Referência de Assistências Social), que é a unidade responsável pela oferta de serviços continuados de Proteção Social Básica às famílias, grupos e indivíduos em situação de vulnerabilidade social;
CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), unidade destinada à prestação de serviços a indivíduos e famílias que se encontram em situação de risco pessoal ou social, por violação de direitos ou contingência;
CENTRO POP (Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua) que oferta o Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua e o Serviço Especializado em Abordagem Social;
e nas unidades de Acolhimento Institucional presentes no município e que são destinadas a famílias e indivíduos que se encontram em situação de risco pessoal e social, por ocorrência de abandono, maus tratos físicos e/ou psíquicos, abuso sexual, uso de substâncias psicoativas, cumprimento de medidas socioeducativas, situação de rua, situação de trabalho infantil, entre outras, sendo de Alta Complexibilidade. São elas a Casa de Apoio à Criança e ao Adolescente (público crianças e adolescente), Recanto dos Idosos (público idosos) e Acolher (público População de Rua).
O psicólogo realiza nessas unidades: acolhimento, escuta, atendimentos, visitas domiciliares, encaminhamentos e palestras que permitam o acesso a informação e aos benefícios de transferência de renda e outros benefícios socioassistenciais, serviços socioeducativos geracionais, intergeracionais e com famílias, como também serviços de fortalecimento comunitário; e atuam em Programas e Projetos que visam a capacitação, e promoção da inclusão produtiva e enfretamento à pobreza, geração de trabalho e renda, entre outros, sendo essas ações planejadas com a equipe e os usuários que participam dos serviços, visando a superação e a prevenção de situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários.Também é realizado o Plano de Acompanhamento Individual ou Familiar construído com os usuários, definindo estratégias e intervenções a serem utilizadas, dentre outras diversas atividades específicas a cada unidade e a particularidade do público com quem o profissional atua. Por fim, também há a atuação nas áreas de gestão do SUAS, onde são sistematizados o planejamento e as ações do trabalho no âmbito da Assistência Social do município.
É possível perceber que, com as diversas intervenções do amplo papel desenvolvido pelos psicólogos que atuam na Assistência Social, o campo psi muito tem a contribuir para a transformação social, principalmente se atuarem dentro de políticas públicas que adotem decididamente o horizonte da promoção dos direitos e assumam, na prática, a sua garantia.
Autora:
Karine Santos Souza Evangelista – Psicóloga CRP 03/10514, Pós -graduanda em Psicopatologia Clínica. Psicóloga do CREAS - Centro de Referência Especializado de Assistência Social /Eunapolis.