A farmacêutica americana Johnson & Johnson publicou na última sexta-feira na plataforma de pesquisas medRxiv resultados preliminares das fases 1/2 de sua vacina candidata contra a Covid-19, desenvolvida pela sua subsidiaria belga Janssen Pharmaceuticals. A pesquisa, submetida ao site ainda sem a revisão de pares, indica que a fórmula foi capaz de induzir resposta imune contra o novo coronavírus e se demonstrou segura no experimento randomizado. Os resultados passarão pelo teste final na terceira etapa dos ensaios, conduzida em vários países, inclusive o Brasil, e envolverá 60 mil voluntários.
Segundo a empresa, 796 pessoas participaram as duas primeiras fases, que foram conduzidas de forma simultânea. O terceiro, composto por 394 voluntários, englobou apenas idosos com mais de 65 anos. Os 402 restantes têm entre 18 e 55 anos e foram avaliadso entre 22 de julho e 24 de agosto. O estudo, do tipo duplo-cego, assegurou que nem os pacientes nem os pesquisadores tinham conhecimento de quem foi administrado com a vacina e quem recebeu o placebo. Diferentemente dos outros imunizantes tidos como líderes da corrida global por uma vacina, o produto da J&J é desenvolvido com base em apenas uma dose.
A companhia americana tem apresentado esse diferencial como um elemento importante na competição com as demais vacinas, uma vez que diminuiria pela metade a logística da distribuição de uma eventual vacina segura e eficaz contra o Sars-CoV-2. Foram testadas diferentes doses e a menor delas foi considerada eficaz, de acordo com os autores da pesquisa. A resposta imune por meio de anticorpos se mostrou estável entre adultos e idosos. Os efeitos colaterais, por sua vez, foram febre, dor de cabeça, dor no corpo e fadiga.
A Johnson & Johnson anunciou no último dia 23 o início dos testes da Fase 3 de sua vacina candidataA companhia informou que espera os resultados desta etapa dos testes até o fim deste ano ou no início de 2021.
Em agosto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já havia autorizado a companhia a desenvolver estudos clínicos no Brasil através de sua subsidiária belga. No país, a empresa deve recrutar sete mil voluntários maiores de 18 anos em sete estados e no Distrito Federal: Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia e Paraná.
O objetivo desta etapa de testes é verificar se a vacina pode prevenir a Covid-19 em estágios moderados e graves após a manipulação de uma única dose, bem como casos mais leves e doenças graves decorrentes da infecção que requerem intervenção médica.
A empresa planeja fabricar até 1 bilhão de doses em 2021 e aumentar a produção nos anos seguintes.