A alimentação equilibrada é um hábito recomendado para toda a vida. Durante a gestação, a responsabilidade quanto à alimentação aumenta, uma vez que implica diretamente no perfeito desenvolvimento do feto.
As nutricionistas da Coordenação Técnica de Nutrição do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente, Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) Daniele Marano, Marcela Knibel e Roseli Costa, explicam como o consumo dos alimentos saudáveis durante a gravidez influencia a saúde dos bebês.
Qual a importância de uma boa alimentação na gravidez?
A alimentação adequada ao longo do período gestacional exerce papel determinante sobre os desfechos relacionados à mãe e ao bebê. Contribui para prevenção de uma série de ocorrências negativas, assegura reservas biológicas necessárias ao parto e pós-parto, garante substrato para o período da lactação, como também favorece o ganho de peso adequado de acordo com o estado nutricional pré-gestacional. Ressalta-se que a inadequação do ganho de peso durante a gestação tem sido apontada como fator de risco tanto para a mãe quanto para a criança, contribuindo para a elevação da prevalência de uma série de problemas.
O que não pode faltar no prato?
As refeições devem contemplar todos os grupos alimentares existentes. A gestante deverá ingerir vegetais (folhosos e legumes), frutas, carne bovina, frango, fígado (uma vez por semana), ovos e peixes (sardinha, salmão, atum, pescada, cavalinha), leguminosas (feijão, grão de bico, lentilha, ervilha), cereais (arroz integral, batata, milho, entre outros), azeites (de preferência extra virgem), leite e derivados do leite (fora do horário do almoço e jantar).
As carnes deverão ser assadas, grelhadas, ensopadas ou cozidas, evitando as frituras. Recomenda-se não ingerir gordura vegetal hidrogenada, que pode comprometer o crescimento e o desenvolvimento fetal.
Como devem ser distribuídas as refeições ao longo dos dias?
As refeições devem ser distribuídas em seis vezes ao dia: desjejum, colação, almoço, lanche, jantar e ceia. Os intervalos em média são de três horas entre uma e outra refeição.
Há uma estimativa de quantos quilos a mulher deve engordar durante a gestação?
O ganho de peso na gestação deve ser suficiente para promover o desenvolvimento fetal completo e também para armazenar nutrientes adequados no organismo materno para o aleitamento. Nenhuma mulher deve perder peso durante a gravidez, independente do seu Índice de Massa Corporal (IMC) antes de engravidar. O Institute of Medicine (IOM) recomenda as faixas de ganho de peso ideal durante a gestação.
No caso de gestação de feto único, o ganho de peso (Kg) recomendado é:
- Gestantes com baixo peso pré-gestacional: 15,0kg (média);
- Gestantes com peso adequado pré-gestacional (eutróficas): 12,5Kg (média);
- Gestantes com sobrepeso pré-gestacional: 9,0Kg (média);
- Gestantes com obesidade pré-gestacional: 7,0Kg (média).
No caso de gestação múltipla (dois ou mais fetos), o ganho de peso também dependerá do estado nutricional pré-gestacional, podendo variar de 11,0 Kg (obesidade pré-gestacional) a 27,9 Kg (baixo peso pré-gestacional).
A gestante deverá ter acompanhamento nutricional no pré-natal, para avaliação do estado nutricional, detecção de possíveis inadequações dietéticas, desmistificação de mitos e realização da educação alimentar e nutricional. As consultas devem ser iniciadas, preferencialmente, no primeiro trimestre da gestação.
Algumas mulheres, especialmente com gêmeos, perdem bastante peso durante e após a gestação por causa dos filhos. Nesses casos, é recomendada a utilização de suplementos nutricionais?
Tanto em mulheres com gestação de feto único quanto nas gravidezes gemelares pode ocorrer diminuição de peso devido às adaptações hormonais. A ação do estrogênio pode causar náuseas, vômitos e anorexia, principalmente, no primeiro trimestre. A perda de peso após o parto ocorre, geralmente, em maior intensidade nos primeiros três meses e naquelas que amamentam exclusivamente. Os suplementos nutricionais são recomendados nas situações em que a demanda nutricional não é atendida por meio da dieta.
Fonte: Fundação Oswaldo Cruz