PRF registra crescimento de 10% nos casos de sinistros durante Operação Carnaval 2024
Foram 1.223 ocorrências em comparação ao ano passado que registrou 1.112 casos
Os casos de sinistro — ocorrências que resultam em dano material, lesão corporal ou morte no trânsito — cresceram em 2024 com relação ao mesmo período do ano passado. A Operação Carnaval, realizada pela Polícia Rodoviária Federal entre os dias 9 e 14 de fevereiro, contabilizou 1.223 sinistros nas rodovias federais, com 85 mortes e 1.370 feridos. De acordo com o diretor do Portal do Trânsito Celso Mariano, é necessário ter consciência de que, nos últimos anos, houve sim melhoras até consistentes, segundo ele, mas acredita que estamos muito longe de viver num país cujo trânsito, transporte, mobilidade é realmente seguro.
“Nós podemos, é claro, levar esses dados em conta para ajustar as próximas ações, as próximas políticas ou as modificações das políticas que temos mas não podemos fazer isso sem levar em conta a perspectiva de longo prazo, senão continuaremos nos enganando, continuaremos pensando que campanha é capaz de fazer o papel da educação.
Para ele, o panorama só mostra que ainda existem motoristas que dirigem com falta de atenção e educação no trânsito.
“Quando nós estamos numa via, nós nunca sabemos com quem vamos cruzar. E nós dependemos totalmente, porque o sistema de trânsito é assim, do comportamento do outro. É uma fé que depositamos compulsoriamente, às vezes inconscientemente, que o outro também vai seguir a regra.” Mariano ainda acrescenta.
“Veja como o trânsito cria armadilhas situacionais das quais só é possível se gerenciar nível de segurança se houver efetivamente, de forma ampla, consistente, programas que garantam que as pessoas estejam recebendo educação para o trânsito”, ressalta.
O levantamento da PRF mostra que, em 2024, os registros de sinistros aumentaram 10% com relação ao ano passado. Foram 1.223 ocorrências este ano e 1.112 no ano anterior. Na contramão, os sinistros graves tiveram uma redução de 1%, com 284 casos em 2024 e 286 em 2023. No mesmo sentido estão os casos de mortes (85), com redução de 6% e feridos com queda de 1%, passando de 1.386 para 1.370.
O advogado especialista em trânsito Marcelo Araújo acredita que, após a pandemia, a circulação de carros nas rodovias tiveram um aumento signifcativo na movimentação nas rodovias.
“A pandemia, ela carretou uma mudança no trânsito, ou seja, menos pessoas circulando, aglomerações em relação ao carnaval, viagens nessa época do ano nos últimos três anos houve uma diminuição e agora a gente pode dizer que, a partir de 2023, agora 2024, teria retornado aquela situação anterior à pandemia de movimento, de aglomeração, de viagem das pessoas utilizando as rodovias”, avalia.
Durante os seis dias de operação, o enfrentamento à criminalidade também foi mantido. Ao realizar as fiscalizações, os agentes apreenderam 2.264 kg de maconha, 1.269 kg de cocaína e 20 armas de fogo. No total, 144 pessoas foram detidas por crimes diversos e encaminhadas à polícia judiciária.
Operação Carnaval PRF
A polícia rodoviária federal realiza um levantamento que inclui as operações Natal, Ano Novo e Carnaval. Neste período, os agentes intensificaram a fiscalização e realizaram ações educativas e preventivas, para conscientizar os motoristas sobre a importância do respeito às normas de trânsito. A ideia é reduzir o número de sinistros, mortes e feridos nas rodovias federais.
Aumenta 9% número de autuações por excesso de velocidade durante Carnaval de 2024
Já as infrações por alcoolemia, prisões por recusa nos testes e ultrapassagem indevida registraram queda em comparação ao ano passado
Em seis dias de fiscalização, a Policia Rodoviária Federal identificou um número maior de autuações por excesso de velocidade nas rodovias durante a Operação Carnaval. De acordo com o relatório, foram 41.633 registros. Um aumento de 9%, em comparação ao mesmo período do ano passado. Na opinião do escritor e jurista Yure Melo, o número ainda preocupa. Ele acredita que os motoristas estão mais confiantes na evolução tecnológica dos veículos e acabam depositando muita confiança no carro quando estão na direção.
“Os carros brasileiros já melhoraram bastante, principalmente porque nós temos carros hoje que são obrigatórios saírem das fábricas com freio ABS. Isso já fez uma diferença muito grande na questão dos acidentes pelo Brasil e ainda o uso obrigatório de cintos de segurança, além dos carros que já vêm com airbags”, analisa.
Em sentido contrário, as infrações por alcoolemia, prisões por recusa nos testes e ultrapassagem indevida registraram queda em comparação ao ano passado, conforme levantamento da PRF.
De acordo com o especialista Yure Melo, mesmo com a conscientização dos motoristas, ainda se faz necessário investir mais do que já está sendo feito para manter a conservação das rodovias brasileiras.
“Acho que o governo federal deve continuar investindo com seriedade, com respeito ao cidadão brasileiro, Só assim, acredito que podemos reduzir isso a valores bastante significativos”, ressalta.
As ações da Polícia Rodoviária Federal incluem a fiscalização de condutas irregulares de motoristas — que podem representar riscos a outros usuários das rodovias — como a mistura álcool e direção, excesso de velocidade e ultrapassagem indevida.
Consumo de álcool
Os dados da PRF mostram que, ao todo, 1.867 motoristas foram autuados por consumir álcool e dirigir ou por se recusar a fazer o teste de alcoolemia e 107 acabaram presos por dirigirem embriagados ou apresentarem sinais de alteração da capacidade psicomotora provocada pelo consumo de álcool. Além disso, também foram registradas 7.926 ultrapassagens indevidas e 41.633 veículos trafegando acima da velocidade estabelecida para as rodovias.
Apesar da Operação Carnaval mostrar uma queda nas infrações relacionadas a alcoolemia, em comparação ao ano passado, o presidente do Instituto Brasileiro de Segurança no Trânsito (IST) e doutor em Segurança de Trânsito pela ULB, da Bélgica, David Duarte, avalia que o carnaval foi marcado por imprudências e excessos. Segundo ele, com relação a ingestão de bebida alcoólica, por exemplo, não são todas as pessoas que sabem que ainda existe risco de ser pego pelas autoridades dirigindo após beber, mesmo no dia seguinte.
“A cada hora e meia, o fígado elimina cerca de 10 gramas de álcool por litro de sangue. Isso significa o seguinte, que uma latinha de cerveja, se a pessoa tomou 10 latinhas de cerveja no churrasco, ela vai demorar cerca de 15 horas para ter alcoolemia zerada. E as pessoas não sabem disso. Às vezes pegam o carro no dia seguinte, saem pra dirigir e aí são flagrados numa blitz da lei seca”, explica.